Importação de arroz pelo governo é uma decisão bem intencionada e igualmente precipitada

A polêmica da hora é a importação de arroz, liberada pelo governo federal para garantir o abastecimento interno diante de uma possível quebra na safra do Rio Grande do Sul. Cabe recordar a respeito que, desde o primeiro momento, quando surgiram especulações a respeito, produtores locais afirmaram que o abastecimento estava garantido. Segundo eles, 90% da safra havia sido colhida, não havendo porque temer efeitos imediatos, o que não bastou para impedir corrida a supermercados, vendas contingenciadas em alguns estabelecimentos e, sobretudo, rapidíssima escalada nos preços. Tudo faz crer, pura especulação combinada com oportunismo.
Prateleiras vazias foram rapidamente reabastecidas, o susto inicial parece ter passado, mas de qualquer forma os preços não se mantiveram nos níveis anteriores às inundações no Rio Grande do Sul. Foi o quanto bastou para o governo federal liberar um primeiro lote de importações, realizando com este objetivo leilão de resultados no mínimo um tanto curiosos, fazendo crescer suspeitas de irregularidades. E com a receita que é velha conhecida dos brasileiros, aparecendo entre os vencedores empresas que realizaram aumento de capital da noite para o dia, gente que não é do ramo, como uma loja de laticínios em Macapá ou locadora de máquinas e veículos estabelecida em Brasília.
Definitivamente não dá para fingir que nada de anormal tenha acontecido ou, mesmo, que a decisão de importar pode até ter sido bem intencionada, mas foi igualmente precipitada. Melhor teriam feito as autoridades se mandassem a campo, imediatamente, fiscais e até a polícia para comprovar abusos e irregularidades do primeiro momento, identificar e punir eventuais culpados, não deixando espaços para aproveitadores. Agora não pode e não deve deixar no ar as suspeitas, pondo a limpo os critérios da licitação e, sobretudo, seus um tanto suspeitos resultados. Eis o mínimo a ser feito e sem perda de tempo, sem a ideia equivocada de que o esquecimento chega depressa.
Cabe igualmente deixar claro que os movimentos de apoio ao Rio Grande com o que possa ser feito para socorrer atingidos e, na sequência, dar celeridade à reconstrução de tudo o que foi perdido nada mais é se não o cumprimento de obrigações elementares, impositivas. E onde não pode haver espaço para qualquer tipo de exploração política, seja da situação seja da oposição, ambas nesse momento com obrigação de esquecer divergências para tão somente somar forças e potencializar resultados.
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Fora desse espaço, e que fique bem claro, só existirá lugar para vergonha, para a conclusão definitiva de que a política no País desceu a níveis inaceitavelmente baixos.
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