Indústria cinematográfica mundial no alvo de Donald Trump

O presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, que chegou a prometer durante a campanha eleitoral que, se eleito, acabaria com a guerra na Ucrânia no primeiro dia de seu novo mandato, continua atirando a esmo, embora colecionando fracassos. Seu mais recente alvo é a indústria cinematográfica mundial, na visão do presidente responsável pelo que considera fracasso do cinema local, em processo de inanição e mais uma vítima da “invasão”. Curioso como o velho expediente, tão ao gosto de figuras como o atual inquilino da Casa Branca, de tentar transformar algoz em vítima se repete, assim como se repete a arma escolhida. Uma tarifa de 100% sobre filmes estrangeiros exibidos nos Estados Unidos. São aguardados esclarecimentos sobre como exatamente filmes exibidos eletronicamente, hoje o principal canal de suporte da indústria, serão taxados.
Caberia recordar, diante dos fatos que se apresentam, como exatamente os Estados Unidos construíram ou modificaram sua imagem a partir da segunda metade do século passado, coincidindo com o fim da Segunda Guerra Mundial. Essencialmente um trabalho midiático, que teve como grande suporte precisamente Hollywood, encarregado de espalhar pelo mundo – o que fez muitíssimo bem – o tal American way of life. Alguém imaginaria que o fato de cada um dos ditos super-heróis ser americano seria apenas coincidência? Ou como deixar de perceber que a ideia de que são eles os senhores do mundo – livre? – foi introjetada com suporte midiático convencional comprado e muitíssimo bem pago?
Sem lugar para dúvidas, Donald Trump está trabalhando diligentemente, e com evidente sucesso, para desmontar essa construção que bem pode ser comparada também a um cenário de cinema. E assim ajudando a apagar, ou colocar em termos mais precisos, caducas ideais de boa vizinhança, colaboração e entendimento. Tudo isso nos ajudando a entender como e porque o alvo agora é o cinema quando o que aconteceu é exatamente o contrário do que ele diz.
Porque na realidade é o cinema que tem matriz nos Estados Unidos, que está sufocando o cinema mundial. Como afinal deixar de enxergar que no Brasil, por exemplo, filmes europeus, japoneses, indianos ou o que mais for praticamente desapareceram dos circuitos comerciais, totalmente ocupados e dominados pelos tais blockbusters? Ou como ignorar que os circuitos de exibição são hoje também inteiramente dominados para assim garantir a supremacia que somente Trump não enxerga?
Movimentos laterais, menos importantes, se percebido que agora os cordões da indústria são manipulados pelas big techs também abrigadas precisamente nos Estados Unidos.
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