Por que a indústria do petróleo segue soberana na economia e na política global

Mesmo com as questões ambientais ganhando impulso e diante das evidências de que os riscos decorrentes do excesso de emissões e do consequente aquecimento global tem a ver, fundamentalmente, com a queima de combustíveis fósseis, a indústria do petróleo prossegue soberana na economia e na política global. Trata-se de um fato objetivo, também a marca mais forte dos acontecimentos, conflitos inclusive, no século passado, e dos interesses que em torno deles se movimentam. O que o futuro reserva, apesar das pressões que ganham espaço e visibilidade, mas na realidade produzem poucos resultados, é ainda imprevisível, independentemente da redução do consumo, como consequência por exemplo da possível maior utilização de veículos elétricos, ou mesmo do esgotamento das reservas de óleo, gás ou carvão mineral.
E é nesse cenário pleno de incertezas, mas de nenhuma dúvida quanto ao poder econômico e político da indústria do petróleo, que surge um novo debate. Trata-se, digamos, da ideia de “congelar” a extração e refino de óleo, que deveria ser mantido nos níveis de 2021. Algo que brotou nos meios científicos e entre ativistas ambientais na suposição de que os projetos em andamento, envolvendo petróleo, gás e carvão, bastarão para emitir mais gases de efeito estufa que as metas do Acordo de Paris ou o que o clima suportaria, com o aumento do aquecimento global mantido abaixo de 1,5”C.
Caberia indagar de pronto quem ganharia e quem perderia com este, digamos, “freio de arrumação”.
De uma forma que chega a ser singela, cientistas envolvidos nessas conjecturas já cuidaram de lembrar que o custo político e financeiro de fechar projetos de exploração já existentes seria muito alto, sendo preferível focar atenções em novos projetos. Algo que aponta diretamente para as ambições brasileiras de abrir novas frentes de extração na foz do rio Amazonas, na margem equatorial, conforme já está sendo dito no exterior, com insinuações inclusive de que o País perderia o protagonismo reconquistado nas questões ambientais. Caberia lembrar que hoje as atividades da Petrobras representam apenas 3% da produção global de óleo e gás.
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Uma informação que soa mais que suficiente para melhor e mais precisa compreensão dos movimentos que aos poucos vão ganhando visibilidade. O Brasil surge como potencial ameaça a posições e interesses consolidados, ainda os mais poderosos no planeta, nada mais natural portanto que tratar de conter seus possíveis avanços.
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