INSS começa a devolver valores descontados indevidamente, mas golpe não deve ser esquecido

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) começou a devolver na quarta-feira (23) valores descontados indevidamente de aposentados e pensionistas e, por suposto, desviados para sindicatos e associações de alegada representação da categoria. Segundo informações da administração federal, até agora 839 mil beneficiários aderiram ao plano de ressarcimento, número que representa 40% dos 2 milhões de beneficiários que ainda devem entrar nessa corrida. O pagamento corresponderá ao valor integral dos descontos, acrescido de correção monetária, numa escala correspondente à data de adesão ao programa, estimando-se que possa alcançar até 100 mil pagamentos/dia.
Devolver o que foi tomado é a mais elementar das obrigações, processo que deveria independer até mesmo de adesão e não poderia estar condicionado à renúncia a demandas judiciais, não pode ser entendido como etapa final, algo como uma pedra sobre os incômodos gerados também para o governo.
O escândalo e suas implicações não devem ser esquecidos, muito menos os culpados não podem ter a impunidade como prêmio maior. Continuam sem respostas questões elementares, a começar da aparente facilidade como tudo aconteceu e sem que ninguém dentre os responsáveis por tomar conta do dinheiro dos aposentados se desse conta. Também não cabe silêncio sobre o fato de que mesmo depois de advertências dando conta do que se passava nada tenha sido feito para conter a sangria. Vagas informações sobre o prosseguimento das investigações, ainda agora repetidas, estão longe de representar o suficiente.
É fundamental que seja também apurado porque, afinal, existiam os tais sindicatos e associações e quais exatamente os serviços que prestavam ou prestam. Mais ainda, é preciso saber do dinheiro arrecadado e o que foi feito dele, pistas que levarão aos promotores de toda essa farra e seus beneficiários, especialmente aqueles que investidos de funções públicas indiretamente também participaram do saque. E alguém saberia dizer o que foi feito daquela personagem, dirigente de uma associação ou sindicato, que em pouco tempo fez dezenas de viagens ao exterior?
São, afinal, muitos furos que continuam abertos e não permitem que o ressarcimento agora iniciado seja apresentado como sinal maior de êxito, algo como a vitória do bem. Aceitar seria o mesmo que legitimar o processo de esquecimento que teria início no mesmo compasso, deixando no ar uma falsa impressão de sucesso e aos culpados o alívio da impunidade.
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