Editorial

Investida de Trump contra Universidade Harvard passa dos limites

Presidente norte-americano tenta proibir matrículas de estudantes estrangeiros, além do banimento de alunos já matriculados
Investida de Trump contra Universidade Harvard passa dos limites
Crédito: Reuters/Nathan Howard

Apesar das reações crescentes, interna e externamente, à sucessão de desmandos que promove e patrocina, o presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, prossegue na escalada que assusta o mundo. Caso explícito das novas investidas contra a Universidade Harvard, dentre as mais prestigiadas do país, agora tentando proibir matrículas de estudantes estrangeiros, além do banimento daqueles já matriculados, avanços que a Justiça do país já classificou como ilegais e, assim, impertinentes. De qualquer forma ataques mais amplos e sistemáticos, tendo como alvos, não certamente por acaso, a educação e a cultura. Na visão do governo local, áreas contaminadas e contaminantes, portanto, suspeitas e ameaçadoras. Nada, enfim, que possa fazer lembrar o fato de que os Estados Unidos continuem se apresentado ao mundo como a “terra da liberdade”.

Muito menos, evidentemente, algo que autorize ou legitime a pretensão do atual governo de tutelar a tudo e a todos, na medida exclusiva de seus próprios interesses, crenças e, sobretudo, preconceitos. Caso específico da “grande possibilidade”, conforme palavras do secretário de Estado, Marco Rubio, de aplicação de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, integrante do Supremo Tribunal Federal (STF). Como já foi dito, mas cabe repetir, “trata-se de uma clara violação aos princípios da soberania nacional, da independência dos poderes e da não intervenção – pilares fundamentais do Direito Internacional e da ordem constitucional brasileira”, conforme em boa hora apontou a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Ingerência externa a todos os títulos descabida e não menos que as alegações de que o Judiciário brasileiro estaria patrocinando perseguição politica à oposição, especificamente contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Como também já foi devidamente assinalado, tudo no âmbito da jurisdição doméstica, sem mínimo espaço para a abordagem pretendida. E sem que seja preciso dizer que este não é o espaço sequer para recordar conteúdo de depoimentos dos antigos comandantes do Exército e da Aeronáutica reconhecendo manobras urdidas para impedir a sucessão nos termos constitucionais e apontando diretamente, sem margem para dúvidas, seu patrocinador.

São fatos objetivos que vão sendo devidamente esclarecidos nas investigações que caminham para o final. Houve, sim, tudo faz crer, tentativa de golpe, de flagrante quebra da ordem legal, desvios que felizmente as instituições brasileiras souberam conter, garantidoras únicas e exclusivas da lei e da ordem. E da vontade que não se pode tutelar.

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