Editorial

Investimento em educação deve sair dos palanques eleitorais para virar realidade

No Brasil, a educação está ainda bem distante de ser, de fato, prioridade
Investimento em educação deve sair dos palanques eleitorais para virar realidade
Foto: Reprodução Adobestock

Nos discursos de conveniência, notadamente aqueles próprios dos palanques e campanhas eleitorais, a educação é sempre, ou quase, colocada como prioridade absoluta, aquela em que não se pode tocar. E não faltam exemplos para confirmar a razão dessa escolha, aparecendo quase sempre a Coreia do Sul que um dia, em passado recente, teve a economia comparável à brasileira e deu um salto colossal justamente porque soube fazer da educação sua prioridade absoluta. Um discurso fácil, mas de pouca, quase nenhuma, semelhança com a realidade.

No Brasil, educação está ainda bem distante de ser, de fato, prioridade, considerada a distribuição dos investimentos públicos. Tanto assim que em 2021 os gastos do País com educação foram equivalentes a uma terça parte dos gastos de países desenvolvidos e membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A mesma fonte revela que o investimento brasileiro, considerados educação básica e superior, caiu em média 2,5% ao ano entre 2015 e 2021, enquanto no mesmo período a média dos países-membros da OCDE cresceu 2,1% ao ano.

No ensino básico, fundamental e médio, o Brasil investiu R$ 18 mil anuais per capita naquele ano, ficando à frente apenas da Turquia, África do Sul e México. Em termos de orçamento, os gastos com educação no Brasil equivalem a 10,6%, neste caso próximo à media dos países desenvolvidos, valores que, portanto, flutuam dependendo das condições da economia. No período considerado teve impacto negativo a pandemia, observam estudiosos. Para eles, valores nominais, se tomados isoladamente, não refletiriam necessariamente as condições da oferta de ensino, sendo a melhora na aprendizagem dependente também da gestão.

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Dois exemplos relevantes: o salário inicial de docentes do ensino médio no Brasil é 47% abaixo da média dos países-membros da OCDE, onde cada professor atende em média entre 13 e 14 alunos, patamar que no Brasil sobe para 22 e 23. No País, 57% das crianças de 0 a 3 anos, primeira infância, estão matriculadas, percentual que chega a 70% nos países desenvolvidos.

São diferenças consideráveis e que desnudam realidades distintas, reforçando a ideia de que avanços econômicos mais substanciais e duradouros guardam relação direta com a oferta de ensino de qualidade, da mesma forma que ajudam a compreender como o crescimento da Coreia do Sul foi impulsionado.

Um assunto para o cotidiano e não apenas para os palanques e as campanhas eleitorais.

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