Investimentos em infraestrutura devem aproximar o Brasil da China

O presidente Lula regressou de mais um périplo internacional, agora à Rússia e China, trazendo na bagagem promessa de investimentos que, se concretizados, passarão dos U$ 30 bilhões. Independentemente da pauta negociada, processo que contou com participação de numerosa delegação de empresários brasileiros, mineiros inclusive, o ponto de maior destaque nas tratativas foi ouvir do presidente chinês, Xi Jinping, um “vamos fazer” reservado à chamada ferrovia bioceânica, ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico, partindo de Santos, São Paulo, para chegar ao novo porto de Chancay, no Peru.
Um projeto bastante antigo e que só agora começa a vingar e representando muito provavelmente a mais importante obra de infraestrutura da atualidade, reduzindo praticamente à metade o tempo da viagem marítima entre Brasil e China. Atualmente existem duas alternativas para cumprir o trajeto, uma contornando a África para chegar ao Oceano Índico e daí à China, com duração que pode chegar a 60 dias, dependendo das condições e paradas no percurso. A outra pelo Canal do Panamá, que reduz o tempo praticamente à metade, porém sujeita às limitações do próprio canal no que toca às dimensões da embarcação. De Chancay ao litoral chinês o percurso poderá ser feito em linha reta e menos tempo.
O novo porto peruano, em parte financiado por empresas chinesas, será o maior da América Latina e com maiores índices de automatização no planeta. Até os caminhões que circulam nos seus pátios serão automáticos, dispensando condutores. O novo porto já está operando, por enquanto em caráter provisório, com inauguração prevista para o mês de novembro. Tudo isso e inclusive a ferrovia bioceânica como parte da chamada “Nova Rota da Seda”, a infraestrutura logística que os chineses estão erguendo para facilitar e reduzir custos de seu comércio global.
Independentemente de questões mais imediatas e das incertezas geradas a partir dos Estados Unidos, é fato objetivo que a China consolidou sua posição como maior parceiro comercial do Brasil e num ritmo de negócios crescente. Para manter-se competitivo, para aliviar em parte o peso representado pelo dito “custo Brasil”, reduzir custos de transporte passou a ser questão impositiva e é precisamente nesta direção que aponta o projeto que o presidente chinês acaba de prometer concretizar. O suficiente, e de longe, para que a recente passagem do presidente Lula por Pequim bem mereça ser definida como um caso de sucesso.
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