Jogo para perdedores
                            Passados o susto e a perplexidade que tomaram conta do País a partir dos acontecimentos da última terça-feira no Rio de Janeiro, é preciso que a razão afinal prevaleça. De pronto, e como já foi dito para que a sensação do mais do mesmo numa escalada que parece ter atingido o cume, abra espaço para reflexões que, mesmo um tanto tardias, são fundamentais levando assim a decisões que não podem mais ser procrastinadas. Claramente o jogo de força, que coloca em risco tudo e todos, não faz sentido, sobretudo diante de oponentes que se movimentam e agem como guerrilheiros, portanto quase sempre em vantagem. Não deu certo na terça-feira passada, não deu certo ao longo dos anos em que a marginalidade foi ocupando espaços para poder chegar ao ponto de ameaçar o próprio Estado e depois de se infiltrar nos estamentos da sociedade.
A troca de tiros, que se repete todos os dias, e esta banalizada não passam de um espetáculo de baixa qualidade e que pode estar servindo a interesses dissociados de tudo aquilo que verdadeiramente representa a sociedade. Apenas mais do mesmo, cabe repetir porque continua faltando metodologia e ate mesmo estratégia. Na semana passada nem mesmo a Prefeitura do Rio de Janeiro estava a par da situação, o mesmo acontecendo com a alta administração federal, o que teria poupado ao governador local o vexame de dizer-se sozinho para em seguida reconhecer que não pedira ajuda.
Eis a realidade desnudada, tal como se apresenta e certamente para favorecer tudo que se passa à margem da lei. Com certeza uma guerra não pode ser enfrentada dessa forma, menos ainda produzir resultados que não sejam igualmente corrosivos. É preciso haver, definitivamente, coordenação e integração, o que elementarmente significa somar forças e unificar estratégias e ações. É preciso entender que o confronto, tal como na terça-feira passada, impõe riscos que não podem ser assumidos, repetindo e reproduzindo o fracasso de outras ocasiões.
A chave é o trabalho continuado de inteligência, é a infiltração silenciosa, mas determinada, expurgada dos riscos da corrupção que em larga escala mina os esforços mais consistentes. É a integração, o trabalho conjunto que signifique soma, esforços combinados, e não mais a subtração como quer o governador, que se diz sozinho e abandonado, enquanto prospera a troca de acusações e a ideia de que o culpado é sempre o outro. Só se pode, afinal, esperar agora que dos acontecimentos de terça-feira passada fique a lição e a esperança de que confrontos, tiroteios, balas perdidas, barricadas, o caos por inteiro, afinal comecem a refluir.
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