Julgamento da tentativa de golpe deve ser o capítulo final de uma triste aventura contra a democracia

As atenções da maioria dos brasileiros estarão voltadas hoje para Brasília, para o Supremo Tribunal Federal (STF), onde terá início o julgamento dos principais acusados da tentativa de golpe que promoveram em 2022 e 2023. Nesta vigília, cabe menos dar atenção aos que estarão no palco, no banco dos réus, apequenados depois de tudo que foi apurado a respeito de seu procedimento, e, sim, buscar compreender o significado maior dos acontecimentos já apontados, e, no exterior, como exemplo até mesmo para os Estados Unidos. Barrar a aventura, e por mais amadores que tenham sido seus protagonistas, capazes eles próprios de produzir as principais provas que devem condená-los agora, foi um grande feito, inédito e que deve ser creditado também ao comportamento legalista das legítimas lideranças das Forças Armadas.
Vencemos todos, afinal, processo que, devemos esperar, será encerrado com as condenações que se avizinham, apesar também de ultimato que veio de fora para apenas ampliar a escalada de impropriedades a que estamos sendo constrangidos a assistir. Venceram o Brasil e suas instituições, venceu a democracia, ao revelar disposição para não repetir o esquecimento e a falta de memória do passado e, bem ao contrário, seguir a trilha da legalidade, do respeito à Constituição, para apurar tudo que aconteceu, recolher fartas provas e depoimentos acusatórios, para assim conduzir o processo legal e poder levar os réus a julgamento.
Nada, afinal, que possa ser confundido com percepção ou vingança, mesmo que tanques de guerra não tenham ido às ruas ou tiros disparados. Melhor lembrar que as insanidades começaram com manobras para desacreditar o sistema eleitoral e suas urnas eletrônicas, passaram por arruaças diversas, por acampamentos na porta de quartéis e tentativa de explodir o aeroporto de Brasília em dia e hora de grande movimento, para chegar aos tumultos de 8 de janeiro. Tudo precisamente para criar o clima que, entendia-se, seria bastante para justificar a reclamada intervenção militar e, assim, garantir que o presidente eleito fosse removido. Golpe claramente.
Felizmente para o Brasil e para os brasileiros falharam escandalosamente, revelaram-se amadores de proporções, em alguns momentos cômicas, e certamente não honraram a reconhecida excelência das academias militares que frequentaram. Eles, sim, no caminho deliberado de uma nova ditadura e que agora tentam se apresentar como vítimas, alvo de fantasiosa “ditadura de toga”. Os fatos falam mais alto e, assim, esperemos, o julgamento de hoje possa ser o capítulo final dessa triste aventura. %
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