Lado forte e lado frágil: valor do transporte de grãos aumenta, mas infraestrutura ainda é precária

Apenas entre os meses de janeiro e fevereiro, segundo as contas da Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo, o valor médio do transporte de grãos subiu 34,6% no País. Menos, de qualquer forma, que o aumento do frete entre Água Boa, no Mato Grosso, e o Porto de Santos, que chegou a 69,3% no mesmo período, sem garantias de que o produtor possa encontrar caminhões disponíveis e prontos para movimentar a colheita para a qual não existe estrutura de armazenamento capaz de suportar a safra a ser colhida.
Um sucesso, um recorde que no capítulo final se aproxima de algo equivalente ao pesadelo. Para piorar o que já era difícil por conta de um desequilíbrio estrutural, ficou pior este ano porque as condições climáticas estreitaram o período de colheita.
Observadores deste cenário já anotaram também que o processo de encarecimento dos fretes, ou a falta de caminhões para atender à demanda nas condições que se apresentam, já ganhou proporções nacionais. Assim, por óbvio, ocorrem mais e maiores pressões sobre a economia em geral, sobre os preços que neste exato momento a administração federal se empenha em conter. O fato a ser remarcado, em sequência a comentário anterior publicado neste mesmo espaço, é que o sucesso e excelente desempenho do agronegócio no País, a marca mais forte da economia nacional nos últimos anos, acabou se transformando num grande problema por conta do descompasso com relação à infraestrutura disponível – fundamentalmente de armazenamento e transporte – para atender satisfatoriamente à escalada da produção.
Nessa conta faltaria acrescentar a elevação dos preços do óleo diesel, outro fator de perturbação e insegurança, além de um movimento atípico. Segundo a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), este ano está sendo observado um deslocamento de caminhoneiros para o Centro-Oeste em busca de melhores ganhos, o que piorou a oferta em estados como Bahia, Goiás e Minas Gerais. Ainda segundo a CNA, a frota atual de 2,2 milhões de caminhões, dos quais 1,7 milhão dedicado ao transporte de grãos, se desloca para atender demandas mais vantajosas, deixando a descoberto áreas em que as condições não são as mesmas.
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Faltaria somente indagar como e porque o transporte ferroviário, mais adequado e mais barato, ainda não está disponível na escala reclamada. E tudo como se o Brasil ainda não tivesse acordado para o fato de ser hoje um dos maiores produtores agrícolas do planeta.
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