Editorial

Lições da história

Quem tenta golpe na história do Brasil e não é punido sempre volta
Lições da história
Crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil

O jornalista Pedro Doria publicou em rede social um texto que, por sua atualidade e oportunidade merece ser reproduzido e ocupar, assim, o espaço de nosso comentário diário.

“Deixe apresentar vocês ao tenente Augusto Tasso Fragoso e ao capitão Hermes da Fonseca. Em 15 de novembro de 1889, os dois trabalharam num golpe militar que derrubou o gabinete, o governo, do primeiro ministro Visconde de Ouro Preto. Não aconteceu nada com nenhum dos dois. Hermes da Fonseca comandou uma tentativa de golpe em 1922. Tasso Fragoso entrou no gabinete do presidente Washington Luís em outubro de 1930. Estava armado, um revólver na mão, e derrubou-o. Naquela tentativa de golpe de 1922 foi preso o tenente Eduardo Gomes. Conseguiu um habeas corpus, desapareceu. Voltou a tentar um golpe em 24, sumiu de novo.

Quem participou com sucesso do golpe em 1930? Eduardo Gomes. Quem estava entre os conspiradores que tentaram derrubar Getúlio Vargas em 1954? O brigadeiro Eduardo Gomes. Em 1937, o capitão Olympio Mourão Filho inventou do nada um plano comunista para conquistar o país. Era falso. Foi a desculpa para o golpe naquele ano. O que que aconteceu com ele? Nenhuma punição, nada, nunca. Quem botou tanques nas ruas para derrubar o presidente João Goulart em 1964? Olympio Mourão Filho, agora general. O tenente Arthur da Costa e Silva, que participou da tentativa de golpe de 1922, foi preso, aí anistiado. Tomou parte no golpe de 1930, virou general, tomou parte no golpe de 1964 e, em 1966, virou ditador. O major Haroldo Veloso tentou liderar um golpe contra Juscelino Kubitschek em Jacareacanga em 1956. O tenente coronel João Paulo Burnier liderou outro em Aragarças. JK não fez nada com os dois. Não foram sequer processados e estavam entre os golpistas de 1964.

Quem tenta golpe na história do Brasil e não é punido sempre volta. De 1889 a 1964, militares conspiraram repetidamente – e muitos acabaram no poder. Ignorar este passado custa caro: o preço da anistia hoje pode ser um golpe bem-sucedido amanhã. A gente vai continuar ignorando a história” ?

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