Lições para não esquecer

Dizem os mais sábios que conhecer e aprender com a História é uma das maneiras de evitar que erros do passado se repitam. Faz sentido. E mais que fazer sentido encerra verdade que deveria estar sendo observada por aqueles aos quais caberá decidir sobre as privatizações da Cemig e da Copasa, conforme proposta já encaminhada pelo Executivo estadual ao Legislativo.
Recuando no tempo ou recorrendo à História, saberíamos que o processo de eletrificação no Estado começou pelas mãos do pioneiro Bernardo Mascarenhas em 1889, em Juiz de Fora. Mascarenhas desejava apenas modernizar sua indústria têxtil naquela cidade e apontou o caminho que muitos outros pequenos empreendedores seguiram. Como em pouco tempo a demanda se revelou maior que a capacidade de atendimento, empresas estrangeiras aqui se instalaram para operar numa outra escala. E investiram enquanto lhes pareceu interessante, assim acabando por deixar o Estado sem condições de acompanhar os progressos que chegavam junto com a energia elétrica.
Foi desse gargalo que surgiu a Cemig, para cobrir a demanda crescente e, sobretudo, operar em sintonia com os interesses do Estado, não mais de meros investidores. Deu certo, absolutamente certo, enquanto a Cemig pôde performar tecnicamente, sem injunções políticas, chegando a ser a principal referência para implantação do sistema elétrico nacional. Nada, afinal, que pudesse lembrar a má fama, não raro ardilosa e propositadamente construída, reservada às estatais. Por elementar, o certo seria corrigir erros e eliminar más influências, nunca retornar à dependência do humor e de interesses de estranhos. Exatamente como fazem os países desenvolvidos, ironicamente os mesmos que alimentam o modelo privacionista.
Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço, diriam. Algo que vale ainda mais para a Copasa, igualmente colocada pelo governo mineiro no balcão de liquidações. Água tratada e esgotamento sanitário são serviços essenciais e que, principalmente pelas repercussões que têm na saúde pública, bem mereceriam figurar entre as obrigações do Estado, reportando a direitos individuais. Definitivamente não se pode nem mesmo imaginar que sejam encarados como negócio, na lógica do investimento que gera lucros, que geram dividendos.
É de todo lamentável que o governo do Estado, pressionado talvez por dívidas que são na realidade impagáveis, persista nesse engano. Assim cabe agora esperar que os senhores deputados, mais atentos ao que a História ensina, tratem de repor a questão nos seus devidos lugares.
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