As limitações de infraestrutura que custaram o atraso do Vale do Rio Doce

A implantação da Usiminas em Ipatinga, nos anos sessenta do século passado, se deu num contexto mais amplo, centrado nas perspectivas de expansão econômica do Vale do Rio Doce, tendo como pilares as reservas de minério de ferro, especificamente em Itabira, e a possibilidade de retorno dos vagões que levavam minério para embarque no litoral, transportando, principalmente, cargas de carvão mineral. Desse impulso inicial viria todo um processo de expansão, de que são marcos e referência também a antiga Acesita e a Cenibra, com a consolidação do que veio a ser conhecido como Vale do Aço, também uma das marcas da expansão da economia de Minas Gerais nos anos setenta e oitenta do século passado.
Muito foi feito, mas, cabe reconhecer agora, o objetivo de promover o desenvolvimento econômico e social de todo o Vale do Rio Doce e em direção ao Espírito Santo com suporte dos equipamentos portuários ali localizados não se cumpriram plenamente. Igualmente não se cumpriu, pelo menos não em toda a sua potencialidade, a integração entre os dois estados.
Faltou, para isso, elemento essencial, a ligação rodoviária em condições de ser ela também um dos vetores do processo. E porque a conclusão da pavimentação da BR 381, entre Belo Horizonte e Vitória passando pelo Vale do Aço atrasou e, na prática, acabou transformada em um dos gargalos de todo o processo, especialmente considerando que a ideia da duplicação não saiu do papel.
Estamos falando de muito mais que dar fim à tristemente famosa Rodovia da Morte, justamente no seu trecho crítico entre Belo Horizonte e Governador Valadares. E para lembrar estudos recentemente divulgados pela Federação das Indústrias de Minas Gerais apontando o preço do atraso. Um custo de R$ 1 bilhão apenas com material rodante, considerados combustíveis, lubrificantes, peças, pneus e manutenção, outros R$ 374 milhões com acidentes, além de 161 mil toneladas de gases de efeito estufa ao longo de 30 anos. E tudo isso sem contar perdas por conta de investimentos não realizados.
As limitações de logística e infraestrutura, além de implicar em custos que comprometem a competitividade, igualmente ajudam a explicar a estagnação econômica do próprio Vale do Aço e, mais amplamente, do Vale do Rio Doce, cujo potencial não se realizou em sua plenitude.Comparar, conforme sugere a Fiemg, dados relativos ao desempenho da região em que a rodovia foi duplicada, na direção de São Paulo, basta para desnudar a realidade que pode e precisa ser modificada.
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