Um lugar no futuro que aponta na direção da eletricidade: como fica o Brasil neste cenário

Embora ainda persistam dúvidas e, mais, resistências que não podem ser dissociadas dos interesses contrariados na indústria do petróleo, existem boas razões para dar crédito aos que acreditam que o futuro dos automóveis, ou do transporte sobre rodas, aponta na direção da eletricidade. Com ganhos de escala que já produzem reflexos nos custos e incorporação de tecnologias que aumentam a eficiência das baterias, com mais autonomia e recarga abreviada, além de vantagens construtivas relevantes, os automóveis elétricos vão ocupando mais espaços, tudo a partir da China, que lidera, folgada, o setor.
Enxergar o futuro implica em perceber e bem avaliar esta tendência e seus possíveis reflexos tanto para a própria indústria quanto para o consumidor final. No Brasil, em que pese a relevância da indústria de material de transporte, estes movimentos não parecem estar sendo percebidos na sua exata extensão. Tendo sido capaz de oferecer, em passado ainda recente, a única alternativa consistente e relevante aos derivados de petróleo, o pioneirismo do passado parece ter dado lugar à acomodação. Caberia lembrar, a propósito, que as exportações do setor, que chegaram a ser relevantes no final do século passado, sofreram considerável redução nas ultimas décadas. E da mesma forma que o País, que chegou a figurar entre os 5 maiores produtores no mundo, perdeu várias posições para seus concorrentes, inclusive a China.
Cabe tentar enxergar o futuro, cabe reavaliar a trajetória das últimas décadas, justo o período que coincide com a escalada de preços do petróleo, o avanço dos veículos elétricos e, igualmente, a forte expansão chinesa, inclusive no mercado brasileiro, onde ainda no corrente ano serão inauguradas duas novas montadoras, em São Paulo e na Bahia, com escala de produção pela primeira vez bastante significativa, além de centradas justamente em veículos leves elétricos. E são eles que, queiram ou não, representam a mudança mais impactante para a indústria em mais de 100 anos. Mecanicamente mais simples e mais eficientes, além de mais limpos e silenciosos os veículos elétricos oferecem vantagens competitivas também no que toca à incorporação de softwares mais modernos, conjunto de atributos que serão ainda mais atraentes quando os ganhos de escala se refletirem nos custos finais, o que não está distante de acontecer.
Resta concluir lembrando que se o Brasil deseja ocupar algum espaço relevante neste mundo novo, quanto menos para preservar sua própria indústria, convém acompanhar a marcha dos acontecimentos.
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