Lula e Zema podem e devem construir soluções para a dívida de MG junto à União

O governador Romeu Zema saiu otimista de seu último encontro com o presidente Lula, que estava acompanhado do ministro Fernando Haddad, para tratar da espinhosa questão da dívida do Estado junto à União. O governador mineiro destacou, em seus primeiros comentários sobre o assunto, que diferenças políticas não obstruem o caminho do entendimento. E antecipou que, até o final do mês, o governo federal deve apresentar um novo modelo para o Regime de Recuperação Fiscal, facilitando um acordo definitivo.
Cabe lembrar que também o presidente Lula se manifestou anteriormente e nos mesmos termos, reconhecendo como inviável a proposta que está na mesa e acenando com a possibilidade de um novo desenho.
Resumindo, o assunto parece estar bem encaminhado, facilitando a busca de um entendimento que, talvez, seja menos formal e mais exequível, longe das condições draconianas que, independentemente de serem abusivas devem ser reconhecidas como inalcançáveis, fora de propósito. Nesse caminho, a solução pode estar mais próxima, livre das exibições de força e até truculência que não fazem sentido.
Na realidade, tudo deveria começar pelo começo, ou seja, com algo semelhante a uma auditagem da própria conta que está sendo cobrada, separando-se o que é legítimo e o que não é. Segundo o unilateralismo, também não cabe e não há como construir entendimento sólido sem que o outro prato da balança seja considerado. Vale dizer e, provavelmente, com um tanto de incômodo, sem que venha a mesa o passivo representado pela Lei Kandir que tentam esquecer, tentam varrer para debaixo do tapete.
Uma vez conhecido e legitimado pelas partes, o tamanho da conta chegará mais naturalmente o momento de definir como e em que condições a liquidar. Repetindo, sem posição de força, sem qualquer forma de arbítrio que Minas Gerais não tem porque engolir.
Aqui também cabe o realismo e bom senso até agora esquecidos, o que ajuda a compreender porque o tal Regime de Recuperação Fiscal acabou se revelando mais um daqueles jogos de ilusão. Um lado finge que cobra e o outro finge que aceita e que vai poder pagar. Pura ilusão, puro fingimento para que nada aconteça. Pode e deve ser diferente, sendo de se esperar que Lula e Zema sejam capazes de reconhecer a realidade e, até com alguma dose de pragmatismo, sejam capazes de construir soluções. Depois de tanta espera, depois de cobranças nada razoáveis e que só fizeram o bolo da dívida crescer, é o que se espera, é o desejável.
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