Mais que um slogan

Estamos, e mais uma vez, diante daquela história um tanto antiga, que remete ao esgotamento do Ciclo do Ouro na antiga Vila Rica e, pouco adiante, da extração de pedras preciosas em Diamantina. Vila Rica foi, no seu apogeu – e poucos sabem disso – a maior cidade em população e a mais rica das três américas. Maior, muito maior, que o Rio de Janeiro ou Salvador, maior até mesmo que Nova York. Diamantina, que se firmou como um centro cultural capaz de impressionar até mesmo visitantes europeus, seguiu a mesma toada, na rota do declínio e da miséria.
Evidentemente tão abafadas quanto possível já existia naquela época cobranças e reflexões sobre as consequências do esgotamento das riquezas minerais. Os próprios inconfidentes levantaram a questão e deixaram anotadas propostas de novos caminhos para a economia da província. Apenas retórica e sem resultados práticos relevantes, conforme pôde ser registrado, em tempos mais recentes, o caso de Itabira, de onde vem a expressão “minério não dá duas safras”. A cidade de Drummond busca, de qualquer forma, recuperar o tempo perdido e seu atual prefeito, Marco Antônio Lage, tem sido diligente neste propósito.
Também em Ouro Preto ressurgem preocupações não tanto com o futuro e sim com o presente, que já se revela um tanto incômodo. A preocupação, igualmente, é a construção de alternativas geradoras de emprego e renda e entre as cogitações mais recentes está a identificação de oportunidades no campo da tecnologia, com melhor aproveitamento do conhecimento e das facilidades existentes, principalmente em torno da antiga Escola de Minas. E não por coincidência, uma comitiva mineira, à frente o governador Romeu Zema, visita a Europa justo para conhecer processos de conversão de antigas atividades minerárias, no caso centradas no carvão.
Sempre vale aprender e nesse processo a observação pode ser da mais extrema utilidade. O que aconteceu em Minas Gerais durante o Ciclo do Ouro e, de certa forma continua acontecendo, é muito simples. Nossas riquezas foram apropriadas indevidamente pelos colonizadores, ajudaram a financiar a Revolução Industrial que mudou o planeta, mas deixaram como legado a miséria e nada mais. Alguém já disse que se a história não for aprendida e compreendida, pode se repetir na sua pior dimensão. Cabe, portanto, prestar muita atenção, inclusive ou sobretudo diante das novas possibilidades que a extração minerária pode oferecer. E cabe, afinal, ainda que tardiamente, fazer com que a afirmação “O Brasil é dos brasileiros”, de tanta atualidade, seja mais que apenas um slogan simpático.
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