Situação da malha rodoviária em Minas mostra negligência dos agentes públicos e eleva o Custo Brasil

Repetindo o levantamento que realiza anualmente e relativo às condições das rodovias mineiras, a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) divulgou recentemente estudos sobre o ano em curso. A rigor, apenas atualizando e confirmando dados que são bem conhecidos. Para recuperar as rodovias mineiras, devolvendo-lhes as condições adequadas de operação, seria preciso investir R$ 15,8 bilhões, sendo que do total R$ 12,1 bilhões teriam como destino obras emergenciais. O levantamento, que se repete pela 27ª vez, confirma um quadro um tanto preocupante, principalmente se considerado que o transporte sobre rodas, rodoviário, responde, no Estado, por aproximadamente 70% da movimentação de cargas e ainda mais, bem mais, pelo transporte de passageiros.
Conforme já publicado neste jornal, a malha rodoviária mineira, mais extensa do País, é constituída, em 88,2%, por pistas simples, classificadas como regulares, ruins ou péssimas, faltando sinalização e acostamento, além de cuidados básicos de manutenção. Uma situação que claramente compromete a movimentação de cargas e passageiros, implicando em falta de segurança e maiores custos, além de pesar na manutenção de veículos e sua vida útil. Algo que ficará mais próximo da compreensão e entendimento diante da informação de que apenas os acidentes ocorridos na malha rodoviária mineira no ano passado implicaram em custos diretos de R$ 1,94 bilhão. Perdas ainda maiores seriam certamente apuradas se também considerada a deterioração e desgaste da malha, patrimônio que não há como recuperar.
Os estudos da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) desnudam em síntese uma realidade que incomoda e não apenas na medida em que desnuda a negligência dos agentes públicos. Igualmente está sendo apontado fator crítico de elevação do chamado Custo Brasil, determinante para a realização de investimentos, sobretudo aqueles que vêm do exterior, assim como para assegurar a competitividade da produção interna.
Dito de outra forma, não há como garantir ao País crescimento econômico em ritmo crescente, sustentável e duradouro se mantidas as condições atuais. Tudo isso para demonstrar – e lamentavelmente – que o ex-presidente Washington Luiz, com mandato entre 1926 e 1930, passados tantos anos, continua sendo lembrado por conta de sua afirmação de que “governar é abrir estradas”. Hoje, num contexto mais atual e preciso, ele poderia dizer que pelo menos impedir que elas sejam consumidas pelo descaso já seria vantagem.
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