Melhor aposta
A indústria do petróleo continua poderosa, absolutamente relevante para a economia e para a política no planeta, assim como a frota de veículos impulsionada por motores a explosão prossegue no centro de seus interesses. Algo de compreensão um tanto elementar, mas de necessário entendimento para que seja também percebida a força do movimento que visa obstar a substituição de motores a explosão, que predominantemente queimam combustíveis fósseis, por motores elétricos. Empreitada que tem obtido relativo sucesso, como ao adiar os planos de grandes montadoras, como a alemã Volkswagen, uma das que retrocederam depois de estabelecerem o ano de 2030, como marco para substituição total dos velhos e beberrões motores a explosão.
Uma história, ou resistência, que é tão antiga quanto a própria indústria automotiva, cujos primeiros produtos, faz mais de 100 anos, contavam precisamente com motores elétricos. A respeito deles bastaria lembrar que são mais simples e de construção mais fácil e aproveitam mais de 90% da energia que são capazes de gerar. Nos motores a explosão as perdas chegam a estratosféricos 70% de energia gerada. Argumentos tão fortes e tão evidentes que ainda nos anos 70 do século passado alto executivo de uma das maiores montadoras do planeta dizia que já naquela época a indústria estava tecnicamente equipada para realizar a transição, que os preços, dos acumuladores principalmente, se ajustariam pela demanda, mas que nada acontecia porque a indústria do petróleo não permitia.
Conhecer esta realidade pode ser do mais alto interesse para o Brasil, em excelentes condições para projetar sua própria indústria automotiva a um novo patamar exatamente a partir dos avanços, do sucesso de programas de conversão. O parque automotivo brasileiro, em termos de capacidade de produção o sexto maior do mundo na atualidade, tem condições para estar no centro desse processo, o que poderia significar investimentos da ordem de R$ 200 bilhões a partir de 2030, gerando 400 mil empregos em atividades como produção de baterias, infraestrutura de recarga e desenvolvimento de softwares para veículos de alta tecnologia.
Trata-se, antes de tudo, de fazer as escolhas certas na hora certa, de acreditar que motores a explosão remetem ao passado e elétricos apontam para o futuro, ainda que seja forte o movimento – mas de origem muitíssimo conhecida – para fazer crer exatamente o contrário.
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