Editorial

A melhor estratégia

Especula-se que a política externa dos Estados Unidos será reorientada, com foco maior para os Estados Unidos
A melhor estratégia
Foto: Ricardo Stuckert / PR

Informações recém-chegadas de Washington dão conta de que a política externa dos Estados Unidos será reorientada, fazendo da América Latina ponto de maior interesse. Seria esta, em rapidíssima síntese, a orientação do presidente Donald Trump como parte da estratégia para se aproximar dos vizinhos, reforçando dessa forma sua própria posição com relação à China e sua ambição de conquistar aliados na região. Faz todo sentido, na perspectiva norte-americana, que se diz agora menos preocupada com antigos aliados europeus, dados como “decadentes”.

Imaginar as três américas unidas e fortalecidas muito provavelmente ainda seria a melhor maneira de enxergar a região num contexto próximo do futuro desejável. Um bloco coeso e capaz de exibir para o mundo condições ímpares de crescimento autossuficiente e bastante para sobrepujar toda a Europa e se colocar diante do bloco asiático com grandes vantagens competitivas. Desenho, portanto, bastante interessante, sobretudo se os Estados Unidos forem capazes de não repetir os mesmos erros cometidos no passado. Objetivamente, se souberem trocar a força pelo entendimento e pela verdadeira colaboração, em bases em que a prosperidade comum seja o grande cimento da aliança imaginada. Nada enfim que possa lembrar os movimentos agora ensaiados e nos quais ainda prevalecem, infelizmente, os conceitos próprios de uma força dominante e diante da qual aos possíveis aliados caberia apenas a hipótese da acomodação.

A evidência de que as lições da história não foram claramente percebidas, muito menos aprendidas, não deve bastar para impedir exercícios de otimismo. Ou para o elementar entendimento de que repetir a mesma estratégia será também repetir os mesmos erros, tudo apontando na direção do fracasso enquanto as possibilidades de uma empreitada bem-sucedida vão sendo perdidas mais uma vez. Tudo como se também não fosse possível perceber que eliminar as desigualdades, desde indivíduos até países, deveria ser entendido como o caminho mais curto para construção da estabilidade social e política, que, promovendo prosperidade, poderia levar as três Américas à condição almejada.

Estamos falando de uma construção perfeitamente possível e de esforços que fariam todo sentido e não apenas como saudável exercício de aproximação e entendimento entre vizinhos. Imaginar o futuro próximo em condições de equilíbrio planetário, de zonas de influência delimitadas de forma mais natural, é exercício que ganharia bases factíveis precisamente a partir da integração das Américas, porém jamais como resultado da predominância ditada pela força e assim necessariamente frágil e instável. Justamente o oposto dos feitos provocados pela soma de integração, entendimento e colaboração.

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