Editorial

Minas Gerais precisa concentrar esforços para agregar mais valor à produção mineral

Não é necessário esperar um declínio da exploração mineral para buscar formas de gerar mais valor à sociedade
Minas Gerais precisa concentrar esforços para agregar mais valor à produção mineral
Crédito: Bruno Magalhães / Nitro

Os últimos dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) apontam que a indústria extrativa mineral no Estado continua a crescer de forma significativa. Somente no ano passado, o setor faturou R$ 108,3 bilhões, representando um crescimento de 4,5% em comparação com 2023. Os investimentos previstos pelo setor em Minas Gerais, no período entre 2025 e 2029, somam R$ 16,5 bilhões.

Esses dados mostram como a mineração ainda é essencial para a economia mineira e continuará a ser por muitos anos. Porém, não é preciso esperar um declínio da exploração mineral para buscar formas de gerar mais valor para a nossa sociedade. É urgente concentrar esforços para agregar mais valor à nossa produção mineral.

Um exemplo de como estamos longe de explorar plenamente o potencial das nossas reservas minerais é a extração do lítio. De acordo com o Ibram, do total a ser investido pelas mineradoras nos próximos cinco anos, 78% será aplicado em projetos para a extração desse mineral, principalmente no Vale do Jequitinhonha.

Isso é resultado de políticas voltadas para a atração de investimentos na exploração do lítio, que é crucial para a transição energética global, com destaque para o programa Vale do Lítio, criado pelo governo estadual.

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Não há dúvidas de que esses projetos bilionários impulsionarão o desenvolvimento econômico e social de uma das regiões mais pobres do Estado. Os efeitos devem ser extremamente positivos. Mas temos a obrigação de buscar mais.

Para se ter uma ideia, mesmo Minas Gerais concentrando uma das principais reservas de lítio do país, o Estado ainda não conta com nenhum projeto de fábrica de baterias para aproveitar esse insumo, que, em grande parte, é exportado para o mercado asiático e retorna ao Brasil incorporado a produtos de alto valor agregado, como veículos elétricos.

Uma proposta que deve ser avaliada com atenção pelo governo estadual foi lançada recentemente pela Associação Mineira de Municípios (AMM). A entidade defendeu a criação de um Arranjo Produtivo Local (APL) do Lítio no Vale do Jequitinhonha. A iniciativa pode ampliar ainda mais os benefícios da atividade mineral para a região mineira.

O APL do Lítio, com políticas voltadas para o fomento dos negócios, pode resultar na formação de uma cadeia produtiva robusta no Vale do Jequitinhonha. A geração de valor, com a chegada de empresas de beneficiamento, produção de baterias e até mesmo montadoras de carros elétricos, tem potencial para transformar não apenas a região, mas todo o Estado.

No entanto, essa transformação não acontecerá sozinha. Os governos federal e estadual precisam liderar a articulação entre o setor privado, universidades e municípios para viabilizar um polo industrial competitivo. Criar incentivos fiscais, investir em infraestrutura e qualificar mão de obra são medidas urgentes para impedir que o lítio mineiro continue sendo apenas matéria-prima exportada.

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