Editorial

Minas precisa refazer cálculos e pensar no desenvolvimento de produtos de lítio

Haverá demanda e mercado e a questão se resume a sabermos nos preparar para aproveitar tudo que este momento oferecerá
Minas precisa refazer cálculos e pensar no desenvolvimento de produtos de lítio
Foto: Washington Alves/Reuters

Imaginava-se, e não faz muito tempo, que motores elétricos representavam o futuro da mobilidade, especialmente no que toca ao transporte individual urbano. Uma certeza que levou montadoras de porte e atuação global a anunciarem que a produção de motores a explosão seria descontinuada nas alturas dos anos 30, no final da década, portanto. Exageros que já foram recalculados diante de dúvidas relevantes que persistem, a principal delas relativa à capacidade de fornecimento de energia elétrica para recarregar baterias na hipótese de que a frota fosse rapidamente substituída. Entendeu-se também que a implantação de redes para recarga na escala necessária demandaria, além de tempo, investimentos pesados. Tudo isso e mais, evidentemente, as pressões da indústria do petróleo que mesmo carregando a fama de ser principal responsável pela poluição atmosférica no planeta não abre mão de seu virtual monopólio e o que ele significa econômica e politicamente.

Resumindo, é fato que o avanço dos automóveis elétricos, exceto na China onde o suprimento de petróleo e derivados é um tanto problemático e não suportaria o rápido aumento da demanda, não foi tão rápido como inicialmente foi imaginado. Nesse mesmo contexto, o desenvolvimento e produção de baterias mais leves e mais eficientes também perdeu velocidade, assim como as previsões de crescimento da demanda. É nesse ponto precisamente que os ditos minerais estratégicos, especialmente o lítio, até há pouco tempo apontado como o grande astro da mineração num futuro que parecia bem próximo, entraram em baixa e não apenas com relação a seus preços. Não exatamente uma reversão de expectativas, mas sim, acreditamos, uma momentânea desaceleração.

Uma situação que interessa muito de perto a Minas Gerais, que também chegou a imaginar que o lítio poderia provocar até mesmo uma nova corrida, talvez como a do ouro no século XVII. Para o Estado, muito a sério, este deveria ser um momento para refazer cálculos e estratégias. Nada de imaginar que poderíamos ser um grande fornecedor do mineral, em bruto e sem valor agregado e sim entender a situação como oportunidade para implantação de um grande polo tecnológico, para desenvolvimento de produtos e, na ponta, produção de baterias e na exclusivamente para uso veicular.

Haverá demanda, haverá mercado e a questão se resume a sabermos nos preparar para aproveitar tudo que este momento oferecerá. Ele chegará e não há porque ter dúvidas a respeito e sim começar a pensar em tudo que será preciso fazer para que Minas Gerais verdadeiramente possa sair na frente.

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