Editorial

Demanda global por minerais críticos traz um novo ciclo de mineração para Minas Gerais

A crescente demanda mundial por minerais críticos, como lítio, nióbio e terras-raras impulsiona o estado mineiro
Demanda global por minerais críticos traz um novo ciclo de mineração para Minas Gerais
Foto: Reuters/ Washington Alves

Como o próprio nome do Estado sugere, Minas Gerais tem na mineração uma de suas principais atividades econômicas há séculos. Durante a colonização portuguesa, no século 18, a então província enriqueceu exploradores e compradores, principalmente a Inglaterra, com o ciclo do ouro, que desencadeou a Inconfidência Mineira. Na mesma época, houve também o ciclo do diamante.

No século passado, o minério de ferro tornou-se um propulsor do desenvolvimento estadual, agregando valor por meio da siderurgia. A commodity virou o principal produto da pauta exportadora mineira, posição que é mantida até hoje, seguida pelo café.

Hoje, um novo ciclo mineral ganha força em Minas Gerais com a crescente demanda mundial por minerais críticos, como lítio, nióbio e terras-raras. O avanço tecnológico em curso no planeta, com a produção de carros movidos com bateria a base de lítio, ímãs e a nanotecnologia atraem investimentos estrangeiros. Com enormes jazidas de minerais do futuro, o Estado pode abrir uma nova fronteira econômica.

De olho na nova ordem internacional, o governo do Estado enviou uma missão à Austrália, uma das maiores potências mundiais em mineração, que já resultou na perspectiva de aportes de quase R$ 2,5 bilhões para Minas Gerais. Memorandos foram assinados com a Lightning Minerals Limited e a Perpetual Resources, que planejam investir R$ 20 milhões e R$ 400 milhões, respectivamente, nos próximos anos. A comitiva mineira fechou um acordo bastante promissor com a St. George Mining Limited, que prevê inversões de R$ 2 bilhões no Projeto Araxá, no Alto Paranaíba, para extração de nióbio e terras-raras.

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Além da extração dos valiosos minerais críticos, é fundamental a elaboração de um programa de formação de uma cadeia produtiva ampla, que agregue maior valor às matérias-primas, com a implantação de fábricas de baterias de lítio e produtos desenvolvidos a partir de nióbio e terras-raras. O Vale do Jequitinhonha, onde já opera a Sigma Lithium, já é chamado de “Vale do Lítio”. Falta a instalação de indústrias na região para transformar o mineral em produtos de alto valor agregado e reduzir a pobreza de sua população.

A criação de uma política específica de incentivos fiscais para a cadeia produtiva também é essencial para que não se repita frustrações como a perda do complexo industrial da Bravo Motor Company, fabricante de células de baterias de lítio, packs para veículos leves e sistemas de armazenamento de energia e automóveis elétricos para mobilidade pública, como ônibus, táxis e vans. Durante anos, o projeto estava previsto para ser implantado em Nova Lima e acabou indo para São Sebastião do Passé, na Bahia.

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