Editorial

Minerais estratégicos são oportunidade de receitas para Minas Gerais

É essencial ir além da condição de mero fornecedor para avançar em outras etapas da cadeia produtiva
Minerais estratégicos são oportunidade de receitas para Minas Gerais
Ampliação da mineração de lítio já estaria provocando "severa restrição hídrica", segundo MP. | Foto: Reuters/ Washington Alves

Em entrevista a este jornal, o economista João Paulo Braga, presidente da Invest Minas, revelou que investimentos atraídos para o Estado nos últimos 7 anos somaram R$ 500 bilhões. Disse também que a economia mineira, que continua tendo como eixo a produção e exportação de commodities minerais e agrícolas não tem porque sentir-se diminuída por tal condição. Mas deve sim saber tirar partido dela, transformando o agronegócio e a mineração em trampolim para impulsionar o futuro. Precisamente, diz o economista, é necessário ir além da condição de mero fornecedor para avançar em outras etapas da cadeia produtiva, considerando as grandes oportunidades existentes no campo dos minerais estratégicos como o lítio, nióbio e terras-raras, por exemplo.

Se no passado empresários com mais acurada visão estratégica diziam, emblematicamente, que se Minas Gerais pudesse vender pellets não deveria vender minério; se pudesse vender chapas não deveria vender pellets; e se pudesse vender automóveis não deveria vender chapas, a receita permanece, mas ganha novas formas. Exatamente como demonstrou o presidente da Invest Minas. Vale para a mineração, vale igualmente para o agronegócio. Não se trata de abandonar a produção cafeeira, em que somos líderes mundiais, mas de compreender que existem condições para que a produção bruta seja processada localmente, nada justificando que estas etapas, que implicam maior agregação de valor, aconteçam fora do Estado, em outros países. Nas devidas escalas, o mesmo raciocínio se aplica às proteínas animais e aos grãos, da mesma forma que já está demonstrado que a produção de azeite, de vinhos e de queijo pode ser levada a outro patamar, garantidos os melhores padrões internacionais de qualidade e atratividade.

A diferença e a escala ficarão por conta exclusivamente da vontade, da disciplina e da determinação. E tudo isso sem que se perca de vista que existe um outro campo fertilíssimo a ser explorado, o da extração e beneficiamento de pedras preciosas e de metais nobres, ouro principalmente. No que toca às pedras a atividade prossegue marginalizada e muito aquém de seu potencial, nada justificando que a lapidação e a ourivesaria permaneçam à margem de processos mais dinâmicos, enquanto a própria extração ocorre em escala desproporcional a seu potencial.

Enxergar o futuro, em síntese, melhor compreender tudo que deixa de ser feito e tudo que poderia ser feito para garantir que a economia de Minas Gerais realize plenamente todo o seu potencial, tal como imaginaram no passado os desbravadores dessas terras.

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