Editorial

A mobilidade da RMBH segue ao alcance da vontade da gestão pública

Arquiteto e urbanista Jaime Lerner destaca o potencial da linha férrea para a região
A mobilidade da RMBH segue ao alcance da vontade da gestão pública
Foto: Tânia Rego/ Agência Brasil

O arquiteto e urbanista Jaime Lerner, que foi prefeito de Curitiba e governador do Paraná, continua sendo, no seu campo de trabalho e na sua condição de homem público, uma das figuras mais respeitadas no país. Suas realizações inovadoras, especialmente na condição de prefeito de Curitiba entre 1989 e 92, representam legado que continua produzindo bons frutos e assim deve ser lembrado quando, por exemplo, apontava as distorções provocadas pelo acelerado e descontrolado processo de urbanização que marcou o país a partir da segunda metade do século passado.

Foi nessa condição que em uma de suas visitas a Belo Horizonte Lerner mostrava os problemas gerados pela conurbação nos municípios que integram a Região Metropolitana para, em seguida, apontar na direção das soluções. Tratava-se, entendia, de combater os efeitos perversos da concentração, induzindo movimento contrário com simplicidade e engenhosidade. No caso em discussão, tudo partiria da construção de uma via férrea que teoricamente correria de Sete Lagoas a Itaúna ou pouco adiante, aproveitando leitos já existentes e previsão de estações capazes de possibilitar circulação tão ampla quanto possível, com material rodante de primeira linha.

Um esforço bem menor que a implantação de metros, sobretudo levando em conta a possibilidade de reaproveitamento, com adequada atualização, das linhas existentes ou desativadas no percurso. Tudo para garantir mobilidade neste arco mais amplo, permitindo a qualquer pessoa morar em Itaúna, por exemplo, e trabalhar ou estudar em Belo Horizonte ou qualquer outro ponto daquilo que poderia ser chamada de “macro” Região Metropolitana de Belo Horizonte. Uma boa ideia que nunca saiu do papel, mas que prossegue de pé, talvez até mais atual.

Apenas bom senso, poderíamos dizer. Considerando os dois polos extremos imaginados e apontados por Lerner, existem linhas, ou leitos desativados, que podem ser reaproveitados a um custo mais próximo da realidade, mesmo se considerados investimentos privados. Algo que pode perfeitamente ser pensado e feito, conforme imaginou Lerner há, talvez, quatro décadas passadas. Tudo isso para transformação em escala nunca antes experimentada, com poder para afetar, sempre para melhor, Belo Horizonte e seu entorno, na realidade toda Minas Gerais, com repercussões amplas nas condições de vida, de trabalho e de investimentos. Algo para lembrar a genialidade de Lerner e soar como convite, ou desafio, para técnicos, administradores e políticos da atualidade.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas