Mobilização da sociedade e governos é a saída para o combate ao crime organizado

Na última quinta-feira (31), os assassinos confessos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, foram condenados pelo 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro a penas de 78 anos, nove meses e 30 dias e de 59 anos, oito meses e dez dias, respectivamente.
Coincidentemente ou não, no mesmo dia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentou a 27 governadores a proposta de emenda à Constituição (PEC) da nova política de segurança pública no País. O anteprojeto prevê a ampliação da atuação da Polícia Federal (PF) e transforma a Polícia Rodoviária Federal (PRF) em outra instituição, batizada de Polícia Ostensiva Federal (POF), com atribuições ampliadas. A PEC também estabelece a formação de um fundo para o custeio de políticas de segurança.
O projeto, de acordo com o governo federal, busca aprimorar a coordenação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp), o “SUS da Segurança”, ampliando as competências da União. O objetivo é expandir a atuação do governo federal na segurança pública, uma das áreas de pior avaliação do governo Lula, como indicam pesquisas de opinião. Entretanto, a PEC não foi bem recebida por todos os governadores estaduais. Talvez por questões partidárias, alguns temem que a medida reduza a influência das polícias estaduais nas políticas de segurança.
O fato é que o crime organizado vive uma escalada sem precedentes no Brasil, inclusive com a disputa acirrada entre dois grandes grupos de criminosos bem articulados e armados, o Primeiro Comando do Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), que já estenderam seus tentáculos por todo o País.
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Além da violência assustadora, controle de pontos de drogas, tráfico de armas pesadas, crimes cibernéticos e ascendência dentro dos presídios, que viraram uma central de bandidagem, de onde opera falsos sequestros, as duas siglas estão infiltradas dentro do poder público e participam até de licitações para concessão de transporte público. Como as famosas máfias da Itália e dos Estados Unidos, as organizações criminosas já criaram “braços legais” para lavar dinheiro e ampliar os seus poderes.
Se não houver uma mobilização conjunta de toda a sociedade e governos municipais, estaduais e federal, sem exploração política, o combate ao crime organizado será inócuo, tendo em vista que os bandidos estão melhores equipados e organizados do que as forças policiais. Sem a união nacional contra esse flagelo social e econômico, o Brasil corre o risco de ser totalmente dominado por poderosas facções criminosas, a exemplos do que já ocorre em outros países.
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