Editorial

Momento é de observar como o novo inquilino da Casa Branca quer ‘fazer a América grande de novo’

Discurso de Trump deixou a impressão de não ter percebido que a campanha eleitoral já terminou faz tempo
Momento é de observar como o novo inquilino da Casa Branca quer ‘fazer a América grande de novo’
Foto: Carlos Barria/Arquivo/Reuters

O presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, tomou posse na última segunda-feira (20) deixando a impressão de não ter percebido que a campanha eleitoral terminara. Assim, repetiu, e talvez com cores ainda mais fortes, seu já bem conhecido discurso, tudo girando em torno da ideia central de “fazer a América grande de novo”, não lhe parecendo importar como ou por que meios atingir seu propósito. Uma advertência um tanto preocupante, ainda que certamente mais sincera que o convite à colaboração e ao entendimento que seus antecessores tanto repetiram, embora de fato pouco tenham feito nesta direção. Mais direto e mais claro o novo inquilino da Casa Branca não poderia ter sido.

No mundo real, de qualquer forma, pode e deve ser diferente, e de alguma forma ele terá que combinar com quem estiver do outro lado da mesa, muito especialmente se forem chineses. Tanto quanto não será viável pôr de lado a mão de obra barata dos imigrantes latinos, não há como fechar as fronteiras comerciais impondo taxações que longe de representar vantagem para a economia interna poderia, sim, inviabilizar os negócios em geral, além de impor à população custos que evidentemente não seriam aceitos passivamente. Dos palanques à mesa de trabalho no gabinete do Salão Oval da Casa Branca existe uma distância que o candidato Trump pode fingir ignorar, mas o presidente Trump simplesmente não teria como contornar.

E não terá sido por mero acaso, ou descuido, que a artilharia do candidato-presidente estivesse voltada até agora para assuntos de menor dano colateral, como se fosse de todo desnecessário, agora, apontar na direção do que efetivamente importa. Objetivamente da China, razão direta do declínio americano que o próprio Trump reconhece e promete reverter a ferro e fogo, mesmo sabendo que seguindo nessa direção encontrará um muro instransponível. Depois de três ou quatro dias de festejos e comemorações, com pronunciamentos numa escala nunca vista antes, num clima para os mais atentos próximo da ficção hollywoodiana, o mundo real tende a caminhar para a realidade.

Os riscos, claro, são de proporções preocupantes, sendo também inevitáveis, conforme já aconteceu, comparações com o que se passou na Alemanha nos anos 30 do século passado, quando a indiferença local e global se transformou no principal adubo do nazifascismo. Os resultados são bem conhecidos e o planeta, a humanidade, conheceram o seu momento mais duro. Nada, absolutamente nada, que possa ser colocado agora na escala do aceitável.

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