Editorial

Mudanças acontecendo

Mudanças acontecendo
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O crescimento econômico da China nas últimas décadas fez bem mais que transformar aquele país na segunda economia do planeta e correndo na direção do primeiro lugar. Na realidade mudou, e profundamente, o sistema de poder global, erguido ao final da Segunda Grande Guerra e marcando a Ascensão dos Estados Unidos. Um movimento tão forte que não se alterou nem mesmo com o fim da União Soviética, que parecia abrir espaços para um poder hegemônico. São constatações objetivas e que ajudam a explicar movimentos mais recentes bem como declarações como a do presidente dos Estados Unidos no início do ano, ao afirmar que a ascensão da China não poderia ser tolerada e, dessa forma, barrada por qualquer meio.

Um jogo de provocações e agressões mais ou menos explícitas que se repete com os mesmos ingredientes, dando a entender que a seus autores falta até mesmo imaginação. Movimentações como as que aconteceram em Hong Kong e, mais recentemente, em Formosa, estão claramente nesse contesto. E dele não são poucos os exemplos que a história registra, costumeiramente com as mentiras sendo varridas para debaixo do tapete como no caso das armas químicas que justificaram a invasão do Iraque não faz muito tempo. E por mais que um massivo esquema de propaganda tente fazer parecer o contrário, nada muito longe também da própria invasão da Ucrânia precedida por manobras expansionistas patrocinadas pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Para quem olha à distância e com isenção, nada que pareça capaz de barrar mudanças geopolíticas que também já estão acontecendo, indicando que o planeta caminha na direção da despolarização, abrindo-se espaços naturais para outros blocos e seus respectivos interesses, distante, por exemplo, da hegemonia do dólar norte-americano. Cabe, especialmente aos países emergentes, acompanhar com muita atenção o que se passa, tratando de identificar onde melhor seus interesses possam ser mais bem acomodados. Absolutamente não pode ser diferente com relação ao Brasil, justamente um dos países líderes na criação do bloco conhecido como Brics e ao qual parece estar reservado espaço de destaque no futuro.

Hoje com sua composição, o bloco corresponde a 26% do PIB mundial e abriga 40% dos habitantes do planeta, enquanto o G7 reúne 49% da riqueza mundial, mas apenas 10% da população. Definitivamente nada que possa ser tratado, como alguns ainda tentam fazer, como uma quase piada. Não, definitivamente, depois que ao bloco original – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – oficialmente mais 13 nações pediram adesão, de Cuba à Arábia Saudita, passando por Argentina, Egito e Indonésia. Assim vai sendo desenhado o futuro que bem poderá ser melhor ou, pelo menos, mais equilibrado.

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