Editorial

Mudanças globais provocadas por Trump devem ser acompanhadas pelo Brasil com diplomacia e senso de oportunidade

Entender os cenários à frente tornou-se, em perspectiva mais imediata, tarefa praticamente impossíve.
Mudanças globais provocadas por Trump devem ser acompanhadas pelo Brasil com diplomacia e senso de oportunidade
Reprodução | Shealah Craighead.

Não estará longe da verdade quem afirmar, hoje e agora, que de momento a única certeza é a própria incerteza. A partir da mudança de governo nos Estados Unidos, valores que eram dados como consolidados nas relações internacionais, na economia, nos negócios e na própria política foram postos de cabeça para baixo. O que era certo já não parece tão certo até para a Europa Ocidental, que, a rigor, notadamente depois da Segunda Guerra Mundial, foi encontrar do outro lado do Oceano Atlântico sua âncora. Agora e sem ela, busca, em ritmo acelerado, investir em rearmamento numa escala que não tem antecedentes desde quando a Alemanha imaginou, ou sonhou, que poderia ser senhora do planeta.

Entender os cenários à frente tornou-se, em perspectiva mais imediata, tarefa praticamente impossível. Seria preciso entender em primeiro lugar até onde a mão pesada de Donald Trump poderá avançar antes que os freios de arrumação que existem na organização política de seu país possam atuar. Sinais já emitidos pelo Judiciário podem parecer tímidos, mas são eloquentes e merecem ser acompanhados com muitíssima atenção. Quanto à Europa, viga mais forte da construção que estava de pé até há pouco, dá para imaginar que a poeira que tem sido levantada cause mais que meros incômodos ou muxoxos diplomáticos. E fazer surgir velhas feridas dificultando assim as possibilidade de realinhamento.

Claro, claríssimo, que tudo isso interessa muitíssimo ao Brasil porque, acima das dificuldades, podem estar sendo desenhadas novas oportunidades para o País. Num ambiente novo e possivelmente facetado, onde a velha hegemonia não terá como se sustentar não será preciso muita imaginação para o entendimento de que o país dispõe de diferenciais e vantagens competitivas que podem ganhar muito peso. Nada muda, por exemplo, o fato de que a produção agrícola no País ganhou proporções, em volume, qualidade e produtividade que lhe conferem peso estratégico relevante na cadeia produtiva de alimentos. Também no que toca a alternativas – verdes e não poluentes – para a oferta de energia, atendendo necessidades que se mantêm independentemente dos humores políticos, temos diferenciais que não mais passam despercebidos.

Resumindo, para concluir, existem razões para acreditar que os acontecimentos atuais precisam e devem ser acompanhados com refinada diplomacia, senso de oportunidade e precisa compreensão de que o Brasil pode estar em condições de confirmar que crises são também oportunidades.

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