Editorial

Mudanças no plano da economia e das relações comerciais

Momento de tensão no Oriente Médio deve gerar mudanças no plano da economia e das relações comerciais, segundo observadores
Mudanças no plano da economia e das relações comerciais
Crédito: Pixabay

Mais uma vez o planeta parece enfrentar uma situação limite, mais uma vez por conta da escalada de tensões no Oriente Médio, cujo acirramento traz de volta a perspectiva de um conflito global, generalizado. As incertezas são, portanto, do mesmo tamanho, com reflexos diretos e imediatos na economia, começando pelas oscilações cambiais e alta nas cotações do petróleo, cujos efeitos já desembarcaram em terras brasileiras. Para observadores, alguns deles apostando que o jogo de provocações recua no seu limite uma vez que a ninguém interessa uma, literalmente, explosão derradeira, o mais certo é que haverá mudanças no plano da economia e das relações comerciais.

A tal globalização, cujo efeito mais perceptível foi fazer os ricos mais ricos e os pobres mais pobres, também teria chegado ao limite, algo perceptível já na crise financeira de 2008/9. Os países industrializados se fecharam a ponto de fazer a outrora poderosa Organização Mundial do Comércio (OMC) ficar comparável a uma espécie de cadáver ambulante. E tudo isso de forma mais evidente a partir da pandemia, quando rapidamente foi percebido que a escalada da interdependência implicava riscos bem maiores que as supostas vantagens, mesmo na perspectiva dos países altamente industrializados que de repente se viram sem respiradores ou sem componentes eletrônicos cruciais.

O Brasil, que hoje parece mais preocupado em antecipar o que pode acontecer amanhã, está neste mesmo contexto e dele não tem como fugir. Bem ao contrário, precisa e deve compreendê-lo para na sequência desenhar caminhos alternativos, próprios. Parece tão inescapável como a decisão dos Estados Unidos, que deliberadamente e enxergando apenas a mão de obra mais barata, concentrou a produção de chips eletrônicos na ilha de Formosa e hoje cuida, aceleradamente, de construir fábricas no seu território. Pode até ser mais caro, deve ser mais caro, mas certamente os riscos serão bem menores.

Esta possivelmente é a parte mais relevante no cenário de mudanças e igualmente se aplica às relações de comércio. Como afinal deixar de enxergar os movimentos mais recentes de agricultores europeus? Nada de abertura, livre comércio mais que nunca é apenas retórica, talvez nem isso, porque a tendência é de fechamento, de busca de autossuficiência e autonomia. A experiência está ensinando que cada país deve ser capaz de se suportar e nessa direção caminhará a economia, independentemente do rumo dos conflitos hoje em mais evidência.

Ao Brasil, portanto, cabe abrir os olhos para enxergar, para construir caminhos em que desde já pode levar muitas vantagens porque tem o que poucos têm.

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