Editorial

Mudando para melhor

Mudando para melhor
O general Tomás Miguel Ribeiro Paiva assume o comando do Exército | Crédito: Ricardo Stuckert/Palácio do Planalto

Embora não falte quem continue tentando destilar veneno e envolver as Forças Armadas em conspirações que, se não existem de todo, pelo menos não tem lastro, os comandantes das forças resolveram colocar a delicada questão nos seus devidos termos. Fizeram muito bem, resguardando o estamento militar, e da forma correta, num encontro formal com o presidente da República, ocasião em que deixaram suficientemente claro que tem consciência de seu papel, suas responsabilidades e seus limites. Foi para o País um momento da mais alta importância também quando, e na sequência, fizeram saber que não alimentam qualquer disposição de passar o pano, de não enxergar e deixar de punir delitos eventualmente cometidos por quem veste farda, mas parece não saber a quem servem e são submetidos ao Estado brasileiro, nunca a políticos ou à politica.

Ao longo da vida republicana, ou até antes em alguns momentos, as espadas pairaram sobre a vida nacional, como uma espécie de árbitro que nunca foi convidado para a função. E todos sabemos no que deu este processo, inclusive numa ditadura de mais de 20 anos. Para que o País viva em normalidade, para que democracia deixe de ser um conceito relativo ou de conveniência, é preciso que estes rastros sejam definitivamente apagados. E é isso que os comandantes militares estão ajudando a fazer, para alívio geral. Deles se espera também, daqui para a frente, que ajudem a apagar a impressão de que foram e são avalistas do golpe de 1964, com o qual a geração atual de oficiais nada tem a ver e por nada pode ser responsabilizada.

Comportamento contrário, tomando dores ou culpas que não são suas, chega a ser até ingênuo. A geração atual errou sim, na medida em que tentou não enxergar os males feitos pelo ex-presidente Bolsonaro ou chegou a ser conivente pelo silêncio. Assim ajudou a alimentar os desvarios que passaram pela ocupação das portas de muitos quartéis e foram terminar de forma triste e melancólica no dia 8 de janeiro. Caberia dizer, a respeito, simplesmente que o Brasil de verdade foi mais forte. Aos militares resta continuar aprendendo, inclusive, a não desempenhar o triste papel de alavancas para interesses que absolutamente não são os seus.

Cabe esperar que a atitude firme e clara, que nunca será demais exaltar, do Comando Militar ponha fim e para todo o fim aos oportunistas, como aquele que em diversas ocasiões mencionou o “meu exército” sem nunca ter sido contestado ou cometeu desvios variados que sempre foram engolidos a seco, mesmo que tenham provocado algum constrangimento. Sim, o Brasil está mudando e podemos acreditar que para melhor.

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