Não dá para errar tanto

Economista estadunidense, detentor de um Prêmio Nobel, definiu a política de juros praticada no Brasil como anomalia absolutamente inviável, condição em que considera um milagre que o sistema econômico do País tenha sobrevivido por tanto tempo. Para ele, estaríamos, os brasileiros, praticando uma espécie de suicídio coletivo.
Independentemente de tais avaliações, que em última análise estão na mesma perspectiva de quem toma crédito no Brasil, apontando sempre que a política de restrição monetária não faz sentido e é de altíssimo risco. Quando adotada por longos períodos, começam a surgir sinais, ainda que muito tímidos, de que mudanças possam estar no horizonte do “independente” – diante de quem e para quê? – Banco Central.
A velha estratégia de olhar quem ganha e quem perde bem mereceria ser adotada para facilitar a vida de quem teima em encontrar respostas. Ou tem como verdade faz tempo, e bota tempo nisso, que no Brasil para tomar crédito o interessado só terá sucesso se for capaz de demonstrar e provar que não precisa de crédito. Em condições assim tão desfavoráveis estariam os cartões de crédito, desde que dívidas contraídas não caiam no abismo do chamado “rotativo”, onde taxas anualizadas passam dos inimagináveis 400%. Estamos falando do parcelamento que pode chegar até a 10 meses, sem cobrança de juros. Tal modalidade viabiliza para milhões de brasileiros o acesso a bens de maior valor e, na mesma medida, para a indústria e para o comércio, um nada desprezível alargamento das vendas.
É o que confirma a Federação do Comércio do Estado em estudos recém-divulgados sobre a questão.
Segundo a entidade, circulam hoje no País pelo menos 209 milhões de cartões de crédito, também chamados de “dinheiro de plástico”. O estudo também demonstra que as operações com cartões cresceram 65% entre os anos de 2019 e 2022, provavelmente a mais cabal demonstração de sua crescente importância. Tudo isso para demonstrar também até que ponto é sem sentido o anúncio, feito pelo presidente do Banco Central, de que estão sendo estudadas restrições a tais movimentações, se não a sua extinção. Resumindo, estão falando de acabar justamente com o que é bom, com a ferramenta que fomenta o consumo sem que esse processo deixe cicatrizes indesejadas.
Só cabe dizer, repetindo palavras já publicadas nesse jornal e ditas pelos autores do estudo mencionado, que a modalidade “é considerada essencial para o setor, principalmente por estimular o consumo e permitir a aquisição de bens de maior valor”.
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