Navegação de cabotagem é uma aposta para potencializar a competitividade da economia brasileira

O presidente Washington Luiz, ocupante do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, entre os anos de 1926 e 1930, teria afirmado que “governar é abrir estradas”. Independentemente da precisão histórica, da autoria ou não, é fato que a frase marcou o tempo em que prevaleceu o entendimento de que fortalecer o transporte sobre rodas seria marco explícito da modernidade, assim como a implantação e consolidação da indústria automotiva seria o melhor símbolo da expansão da economia brasileira. Boas intenções, talvez, mas certamente avaliações equivocadas e pelas quais o País tem pago um preço elevado.
As decantadas dimensões continentais foram, e de certa forma ainda são, objeto de ufanismo, representaram e representam oportunidade, mas foram igualmente fatores condicionantes da expansão de economia. Vencer distâncias implica custos que por sua vez demandam racionalidade e busca permanente de eficiência, garantias de sucesso e, antes, da possibilidade de competir. Depender de caminhões para movimentar cargas a longas distâncias e dos ônibus para levar passageiros significa perda de competitividade, custos mais elevados. E um contrassenso quando existem alternativas mais adequadas, no caso representadas pelos modais ferroviário, aquaviário e também a navegação de cabotagem. Movimentar uma carga entre Porto Alegre e Belém na carroceria de um caminhão será sempre rematado absurdo. Tanto quanto continuar ignorando que o transporte ferroviário deveria ser no País o pilar para a movimentação de passageiros.
São fatos objetivos e sobre os quais não existe margem para contestação dentro de parâmetros racionais, além de uma realidade bem conhecida. O bastante, portanto, para orientar políticas e investimentos públicos, dando-se forma e conteúdo a antigas promessas de mais atenção para a cabotagem, para a navegação interior e para as ferrovias, tudo com os investimentos consequentes, orientando um processo de integração que traria enormes benefícios ao País e a sua população.
Tudo no simples entendimento de que ao transporte rodoviário estaria reservado o papel integrador com os demais modais, com recuperação e expansão da malha ferroviária, não mais entendida como exclusiva para movimentação de cargas secas, e mais atenção às possibilidades de aproveitamento das bacias fluviais, que podem ser interligadas a custos baixos, e da navegação de cabotagem ao longo de toda a costa brasileira. Uma aposta, afinal, para ganhar e certamente potencializar a competitividade da economia brasileira.
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