Dois pesos e duas medidas: norte-americanos não querem US Steel em mãos estrangeiras

Enquanto a campanha eleitoral nos Estados Unidos se aproxima da reta final sem que tenha ficado suficientemente clara a preferência dos eleitores, chega aos palanques um novo tema para aquecer os debates. Estamos falando da possibilidade de compra da US Steel, espécie de ícone da indústria norte-americana, pela Nippon Steel, negócio que vem sendo discutido desde dezembro passado. A rigor, a novidade fica por conta de um possível veto do presidente Joe Biden à transação por conta de suas implicações para a segurança nacional, com o que parecem concordar os dois candidatos mais fortes, Donald Trump e Kamala Harris, ambos já apontados apenas como interessados nos eleitores da Pensilvânia, sede dos principais negócios da outrora poderosa empresa e também de sindicatos contrários à transação.
A US Steel foi formada em 1901 como resultado da fusão das três maiores siderúrgicas da época nos Estados Unidos e sob patrocínio do banqueiro JP Morgan, igualmente dono de uma cadeira no panteão dos grandes empreendedores de seu país. Além de líder no país, a siderúrgica chegou a ser a maior corporação do planeta, com seus negócios, que colheram grandes benefícios com as duas grandes guerras, intimamente atrelados à política externa dos Estados Unidos. Um impulso que foi perdido a partir dos anos 70 do século passado, quando a indústria pesada e os negócios poluentes, ditos “sujos”, foram deliberadamente esvaziados ao mesmo tempo em que a indústria eletrônica e de informática foi ocupando o palco dos negócios no país. Sobre as discussões mais atuais, a US Steel diz que um possível bloqueio às negociações com a Nippon Steel – uma das controladoras da Usiminas – poderá apressar seu colapso.
Cabe observar e, sobretudo, aprender com o que parece ser o amargo fim, ou declínio, da corporação que durante algum tempo foi também o próprio símbolo do poderio econômico dos Estados Unidos. Cabe observar também, e aprender, que o presidente dos Estados Unidos pode chamar a si a obrigação de vetar o negócio e, sem mais explicações, simplesmente declarando que ele não é conveniente para seu país, atentando contra a segurança nacional.
Contra esta opinião não existem argumentos que possam parar de pé, tanto que o futuro presidente do país, seja Donald Trump ou Kamala Harris, já cuidaram de afirmar que pensam da mesma forma e não desejam que um dos símbolos da economia do país caia em mãos estrangeiras. Resumindo e concluindo, mais um daqueles casos em que será apropriado lembrar que os norte-americanos bem poderiam dizer “façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço”.
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