A nova concessão da BR-040 e o transporte de minério de ferro

Superados os últimos entraves e realizados acertos finais, a nova concessionária da BR 040, no trecho entre Belo Horizonte e Juiz de Fora, assume suas funções dentro de aproximadamente um mês. Para os usuários da rodovia e, mais amplamente, para a economia do Estado, são notícias alvissareiras, destacando-se a promessa de conclusão da duplicação das pistas, além da correção de traçado em trechos críticos, não por coincidência é certo justamente aqueles em que é registrado maior volume de acidentes.
Traçado antiquado, em alguns pontos mantidas as mesmas características da época da construção há sessenta e poucos anos, deve bastar para o entendimento de até que ponto estão atrasadas as providências agora anunciadas.Volume de tráfego e características dos veículos então em uso permitiam que a rodovia fosse definida, na inauguração, como uma das mais modernas do País, enquanto o Viaduto das Almas, já desativado, era apresentado como maravilha da engenharia nacional, sobretudo por sua pista inclinada e em curva.
O tempo passou e o descuido cuidou de apagar cada uma dessas referências positivas, contemporâneas do ufanismo que marcou o governo de Juscelino Kubitschek e a construção de Brasília. Feitos a anotar, no entendimento de que são também referências explícitas ao que deixou de ser feito desde então.
No trecho em questão, mais notadamente o percurso entre Belo Horizonte e Conselheiro Lafaiete, justamente aquele em que menos avançou a duplicação das pistas e outros melhoramentos, é também o que registra maior ocorrência de acidentes, a metade deles, segundo levantamentos recentes, envolvendo carretas que transportam minério de ferro.
Cabe, nesse momento de mudanças e de promessas reiteradas, abrir os olhos para enxergar o óbvio. No caso, a necessidade de construção de via paralela para uso exclusivo do transporte de minério de ferro, proposta antiga que não avançou por conta de equivocadas restrições ambientais. Transportadoras, que são também atingidas pelas condições de uso atuais, já cuidaram de relembrar a questão e, inclusive, os fatos de que as próprias mineradoras, com a Vale à frente, asseguram o custeio da obra que não representaria qualquer encargo para o setor público ou para a concessionária. Esperar, aguardar, não se sabe exatamente o que, é o mesmo que concordar que novas vítimas, fatais ou não, são menos importantes que eventuais danos ambientais que podem ser mitigados.
Certo é que as mudanças agora acertadas representam nova oportunidade para corrigir erros pretéritos e fazer melhor, numa balança de perdas e ganhos que pode ser positiva.
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