Novela sem fim

Quem vem de fora, com outra visão acerca do serviço púbico e suas obrigações, certamente se surpreenderá diante do anúncio de que uma rodovia cuja duplicação poderia estar concluída há pelo menos 50 anos, prossegue inacabada. Pior, sem nada de concreto capaz de indicar que a longa espera possa estar chegando ao final. Estamos lembrando da antiga BR 03, agora BR 040, no trecho entre Belo Horizonte e Juiz de Fora, onde a privatização não bastou para consumar o milagre reiteradamente prometido.
Recapitulando, o trecho, bem como a sua continuação no rumo de Brasília, foi entregue a empresa particular, com o consequente pedagiamento e promessa de duplicação solidamente confirmados nos contratos então firmados. Durante todos estes anos e ao contrário do prometido, as obras pouco avançaram, a concessionária devolveu a concessão, que, no entanto, continua sob sua responsabilidade em condições um tanto precárias, em que até mesmo a manutenção tem sido negligenciada. Eis que, depois de longa espera, o governo federal anuncia novo leilão e nova concessão, anunciando que espera ver tudo decidido até o final do ano, dependendo de parecer do Tribunal de Contas da União (TCU).
Um detalhe absolutamente essencial e, dependendo da seriedade como vier a ser tratado, poderá alterar o curso dos acontecimentos. E a partir de uma pergunta muito simples. O prometido e contratado não foi entregue, muito embora durante todos estes anos o pedágio tenha sido cobrado regular e continuamente. Uma conta elementar, que verifique o que entrou e o que saiu, passa a ser algo impositivo para que o contrato seja encerrado e as contas zeradas como recomendam os bons procedimentos, agora nas mãos do TCU.
Chama atenção outro ponto, igualmente a ser esclarecido. Anuncia-se que a nova concessão será desdobrada em três trechos, começando de Juiz de Fora a Belo Horizonte, depois entre Cristalina e Brasília e o terceiro – novidade – entre Brasília e Goiânia. Tal como colocado, aparentemente, significa dizer que um longo trecho, em tese a partir de Curvelo e em direção à capital federal, permanecerá como está, nas mesmas condições da época em que foi construído, nos anos 60 do século passado. Rematado absurdo, factual ou de comunicação, que precisa ser esclarecido o quanto antes.
Da mesma forma que os prazos para entrega das obras prometidas, assunto sobre o qual nada foi dito, carecem de esclarecimentos pontuais pois, afinal, como mineiros costumam dizer, gato escaldado tem medo de água fria.
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