Editorial

O caminho que mais interessa

Como foi dito em outros momentos, essa conta não parece refletir a realidade, muito menos o interesse da maioria dos brasileiros.
O caminho que mais interessa
Crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil

Não foi sem uma certa dose de surpresa que os brasileiros receberam, na terça-feira (15), o anúncio de majoração nos preços dos derivados de petróleo, o que ocorre pela primeira vez no atual governo. Para alguns analistas, um passo necessário, face às flutuações nas cotações do óleo cru no mercado mundial, depois de um ciclo de queda. Para outros, um sinal – positivo – de mais equilíbrio entre os preços praticados externa e internamente, lembrando que refinados, gasolina e diesel especialmente, continuam pesando na balança das importações, com pelo menos 30% do óleo diesel consumido internamente vindo de fora, enquanto a gasolina importada representaria pouco mais de 10% do consumo interno.

Como foi dito em outros momentos, essa conta não parece refletir a realidade, muito menos o interesse da maioria dos brasileiros. Falta um balanço mais geral, mais preciso e também mais transparente, gerando algo como um encontro de contas que espelhe a realidade. Sim, a importação de derivados, fruto de desinvestimentos no refino, pesa na balança, compromete os resultados da Petrobras, desde que entendidos de forma um tanto simplista, sobretudo porque não considera que as exportações de óleo cru andam perto de um milhão de barris/dia. Por elementar, é preciso saber exatamente por quanto esse óleo está sendo vendido para que se possa chegar a uma conta exata do que sai e do que entra. Tudo isso sem que seja esquecida a prática de subfaturamento, que seria comum, com o óleo saindo do País mais barato e transferido a subsidiárias da exportadora que promove lá fora a devida correção.

Uma visão mais clara do que se passa, assunto que permanece em segundo plano, poderia mais que revelar surpresas recolocar a questão, que é tão importante quanto delicada, em melhores termos. Transparência deveria ser o primeiro passo e proatividade o segundo. O brasileiro que ouve o presidente da Petrobras afirmar, autoritário, que os preços dos combustíveis serão reajustados sempre que necessário certamente, preferiria saber quais são os planos da empresa para expandir investimentos e acelerar a recuperação da estrutura de refino no País, este sim o ponto-chave de toda a questão. Afinal, e por elementar, quer o País, que já é autossuficiente na produção de óleo, alcançar a mesma condição no que toca ao refino, a dependência externa deixaria de existir.

Para a economia nacional, para a competitividade de toda a produção interna e, igualmente, para melhor atendimento ao consumidor final, este é um passo absolutamente essencial.

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