O que falta é bom senso

Os piores temores, no que toca ao andamento do projeto de implantação da primeira etapa do Rodoanel da Região Metropolitana de Belo Horizonte, vão se confirmando. A falta de entendimento com relação ao traçado de pouco mais de cem quilômetros, envolvendo de um lado os municípios de Betim e Contagem e, de outro, o governo mineiro, implicou em atrasos que já podem ser contabilizados e, com relação ao futuro, representa incógnita um tanto inconveniente. Não tendo havido acordo, com as partes se mantendo irredutíveis em suas posições, prevalece o entendimento de que será inevitável a judicialização, o que remete toda a questão ao imponderável.
É de todo lamentável que tenhamos chegado a este ponto, numa intransigência que só produz perdedores. E muito mais nesse caso que é único, posto que a parte mais difícil, de levantamento de recursos, foi superada, numa engenharia também inédita que utiliza, ou utilizaria em parte, recursos provenientes de indenizações ao Estado pelo desastre ambiental ocorrido em Brumadinho. Muitas vezes, obras que não começam são até abandonadas ou esquecidas, porque faltam recursos, sendo pouco provável que exista outro caso, como o do Rodoanel, em que este não é o problema.
Fato é que de alguma forma mais inteligente, sem espaço para politicagem, é impositivo que as posições conflitantes sejam alinhadas, no entendimento elementar de que a procrastinação é o pior dos cenários. Tendo em conta, principalmente, as precárias e inadequadas condições do Anel Rodoviário, cuja revitalização, nos moldes anteriormente propostos, permanece no limbo e, mesmo que avance, já não incorpora as respostas desejáveis, em termos de melhorias nas condições de mobilidade na Região Metropolitana de BH. O Rodoanel passou a ser a resposta e a esperança que absolutamente não podem ser postas de lado, aí sim, para resguardar os interesses – se não o próprio futuro – de todos os moradores da região, seja no que toca à mobilidade, seja por conta das condições econômicas que correspondem também a emprego e renda.
Há que haver racionalidade nas escolhas, balizadas por parâmetros exclusivamente técnicos e, portanto, livre de voluntarismo de quaisquer das partes. Diante do que se passa, na realidade pouco interessa saber quem tem ou deixa de ter razão. Mais vale por certo fixar as atenções no inevitável e irrecuperável prejuízo coletivo, portanto também nas responsabilidades de todos quantos possam estar contribuindo para isso.
Afinal, não nos parece nada difícil perceber que, no fundo, o que está sendo cobrado é simplesmente bom senso.
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