O tamanho do prejuízo

Começou em 2013 e nunca será demais relembrar para que todos aprendamos a evitar armadilhas. No começo era um movimento de rua, em São Paulo, protestos contra aumento nas tarifas do serviço público. Tudo se espalhou rapidamente pelo País, com o foco passando a ser a corrupção. Algo como um rastilho de pólvora que parecia espontâneo e natural, mas do qual, numa análise mais atenta, não era nada difícil perceber a articulação diferenciada. Parecia não ter donos, não ter líderes, mas tomou conta e da noite para o dia corrupção passou a ter o tema dominante, na mais pura hipocrisia, uma vez que em tudo parecia existir mais ambições que virtudes.
E assim brotou a Lava Jato, que rapidamente se tornou o grande assunto nacional. Afinal, não havia como ser contra a higienização que, estranhamente, a partir de Curitiba, no Paraná, colocou a ser realizada.
Ninguém à época, tamanha era a empolgação, se lembrou de indagar porque, afinal, o comando das operações não estava em Brasília. Surgiram também, com a mesma velocidade, uma penca de heróis nacionais, os donos da verdade. O maior deles é hoje figura, desarticulada e visivelmente constrangida, ocupante, não se pode garantir por quanto tempo mais, de uma cadeira no Senado Federal.
Claramente a ambição engoliu as virtudes que, muito provavelmente, na verdade nunca existiram. Tudo era um jogo ou a construção de um atalho para chegar ao poder, escapando dos caminhos normais. Deu certo à primeira vista, mas logo se transformou no desastre que todos conhecemos muito bem, que só não enxerga quem definitivamente prefira a cegueira. O pior é que todo esse movimento teve efeito colateral gravíssimo, praticamente destruindo a indústria da construção, que chegou a ter expressão mundial, afetou pesadamente a indústria de gás e óleo, abateu a Petrobras e a construção civil. Custou milhões de empregos e ajudou – e muito – a empobrecer o Brasil.
Aos poucos, as forças que ajudaram a consumar essa verdadeira tragédia vão sendo desmascaradas e, na mesma proporção, perdendo espaços. É hora de indagar o quanto custou ao Brasil sua aventura ou o preço que todos pagamos pelas ambições tão demasiadas quanto desfocadas. Em Brasília fala-se na construção de um programa para recuperação da indústria da construção pesada. Faz sentido, mas deveria ser muito mais, da forma de um projeto inteligente, consistente, de recuperação de tudo o que foi perdido, até que o Brasil possa ser devolvido ao lugar que já ocupou.
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