Obras de revitalização expõem contradições urbanas na Capital

Mesmo que com algum atraso, obras de revitalização de dois quarteirões da avenida Bernardo Monteiro, entre as avenidas Alfredo Balena e Brasil, se aproximam da conclusão. São melhorias importantes, significativas para a região hospitalar e igualmente para os bairros Santa Efigênia e Funcionários, certamente também algo como moldura mais imponente para o belo prédio do centenário Colégio Arnaldo, cuja fachada principal está diante justamente da área recuperada e sua exuberante arborização. Ganha a cidade, ganha principalmente quem trabalha ou vive no entorno.
Gente que aplaude, mas igualmente cobra solução para a ferida que convive com o mesmo espaço, tornando-se dessa forma mais visível e mais incômoda. Acontece que parte da área agora revitalizada, justamente o ponto mais arborizado, foi ocupada, e por anos a fio, por catadores de papel e lixo urbano e que por conta das obras se deslocaram para as proximidades, mantendo ali seus depósitos e áreas de manipulação, assim também atraindo moradores de rua. Uma convivência evidentemente impossível, a todos os títulos injustificável, e que as melhorias naquele espaço urbano apenas vieram acentuar.
A Prefeitura de Belo Horizonte, que por suposto já se prepara para entregar as obras realizadas, simplesmente não tem como fingir que não enxerga o que se passa. Também não pode aceitar como natural a ocupação impertinente, dando como fato consumado, ou inevitável, aquilo que também pode ser apontado como expressão das contradições econômicas e sociais que nos cercam. Catadores são personagens igualmente importantes no espaço urbano, realizando trabalho que se tornou essencial para a cidade. Merecem além do reconhecimento atenção e acolhida, seu lugar e seu espaço, assim como os moradores de rua. Todos certamente em melhores condições que as atuais.
Sensibilidade e atenção não contemplam indiferença, mas tampouco deve significar que o comércio, os serviços médicos e de saúde presentes na região, bem como os próprios moradores, todos indevidamente incomodados, sejam ignorados e claramente afetados. Seria afinal aceitar como imperativa a desordem urbana, sem freios ou limites que representam também imperativos do próprio convívio social.
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Cabe, portanto, à Prefeitura de Belo Horizonte se dar conta da situação e assim assumir a responsabilidade de devolver ordem e equilíbrio àquele espaço urbano. E simplesmente sanar feridas que as melhorias agora festejadas vieram ressaltar.
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