A omissão no trânsito pode custar caro

Em Belo Horizonte, um motorista de 50 anos foi contido por populares depois que o automóvel que conduzia bateu em cinco ou seis veículos, todos estacionados. Detido e conduzido à delegacia onde foi constatado seu estado de embriaguês, o autor foi liberado depois de pagar fiança estabelecida em R$ 6 mil, mesmo com o agravante de estar dirigindo sem habilitação regular. E tem mais. A mesma pessoa foi condenada por outro crime, por ter atingido, também em estado de embriaguês, um outro veículo, este ocupado por duas pessoas que vieram a falecer, um sexagenário e sua neta adolescente.
As mortes no trânsito no Brasil são o equivalente a uma pandemia de grandes proporções e sem que sejam percebidos esforços consistentes objetivando rever este quadro. São perdas humanas mais que relevantes, além de danos materiais e gastos com assistência médica e pensões igualmente impactantes. Quem estuda e conhece o assunto sustenta que um de seus componentes é exatamente a sensação de impunidade, que ajuda a impulsionar infratores, exatamente como parece ter acontecido com o personagem do caso relatado acima. Como afinal entender, menos ainda aceitar, que um infrator, condenado por duas mortes do trânsito, possa continuar dirigindo impunemente? Onde exatamente falharam as sanções estabelecidas e o seu cumprimento? Para completar, como aceitar que detido por conta de novos delitos, devidamente identificado e verificado seu prontuário, esta pessoa possa ter sido liberada com mero pagamento de fiança cujo valor não foi mais que simbólico?
São perguntas que precisam ser respondidas, é o mínimo que as vítimas têm a esperar. Deveria ser o mínimo também como resultado de qualquer empenho consistente, da parte das autoridades competentes e no sentido de integral cumprimento de suas obrigações. Igualmente o mínimo que a sociedade, acuada pela violência descontrolada, teria a esperar, sabendo que as estatísticas confirmam que o trânsito no Brasil produz vítimas em proporções descontroladas, em descompasso inclusive com dados comparativos que vêm de outros países.
Nada que deva ser aceito, porque simplesmente incluído no rol das fatalidades. Não é o que sugerem os fatos relatados neste breve comentário, faltando assim explicações para o que se passa, restando incompreendida a insensibilidade, se não omissão, daqueles que deveriam estar atuando para, pelo menos, atenuar a gravidade da situação.
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