Editorial

A Petrobras e a chamada ‘paridade internacional’

Debate sobre a política de preços da companhia passa pela paridade internacional dos preços do petróleo
A Petrobras e a chamada ‘paridade internacional’
Foto: Divulgação Petrobras

Em recentes comentários sobre o mercado mundial de óleo cru e derivados, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, informou que nas avaliações da empresa os preços atuais da gasolina e do diesel no mercado interno estão abaixo da paridade internacional. Disse também que as variações ditadas pelo mercado, pela conjuntura e pelo câmbio são acompanhadas atentamente, tudo isso para orientar a política de preços. Destes comentários fica a impressão, em primeiro lugar, de que a tal paridade internacional, ditada por conveniências que não são necessariamente as da empresa ou do País, está sendo tomada como fato consumado, verdade que não carece de maiores discussões. No nosso entendimento, comportamento impertinente e que, considerada a verdadeira razão de ser da Petrobras, reclama urgente revisão.

É preciso voltar no tempo para entender o elementar. A Petrobras foi criada para garantir ao País suprimento de combustíveis fósseis nas melhores condições possíveis. Para atender aos interesses locais, brasileiros, não mais as conveniências das corporações globais que controlam o petróleo para controlar o próprio planeta e sua economia. Missão difícil e de resistências muitíssimo poderosas, o que está mais que entendido. Ainda assim, nada que deva nos afastar dos ditos objetivos nacionais permanentes. Trata-se, elementarmente, de defender o Brasil e seus interesses, decisão fria e objetiva que se pretende vestir com colorações políticas apenas por conveniência.

Isto posto, cabe acrescentar que o Brasil buscou e alcançou, contra tudo e contra todos e através precisamente da Petrobras, autossuficiência na produção de petróleo cru também para lastrear sua independência nos planos econômico e social. Bem-sucedida esta empreitada, para chegar ao consumidor final e, portanto, fixar preços, é preciso fazer contas que qualquer manual ensina. Quanto custou cada barril de petróleo, considerados todos os fatores, e quanto custará repor este mesmo barril. Vale dizer, manter as condições que lhe permitam continuar produzindo e entregando. Independência, autonomia verdadeira, significa poder atuar nestas condições.

Algo que deveria ser simples e claro só não é porque os interesses em jogo permanecem um tanto obscuros e a ponto de fazer parecer que a tal “paridade” seria coisa simples, elementar e quase banal que só não é compreendida por radicais. Distorções ou mentiras tão repetidas que levam até a diretoria da Petrobras, que antes de tudo tem obrigação de saber porque a empresa foi criada e porque existe a aceitar a capciosa ideia da “paridade” que não poderia existir.

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