Petrobras: por que o mercado deveria, assim como Lula, defender que investimentos ocorram antes dos dividendos

Depois da Vale e com intervalo de poucos dias, a bola da vez é a Petrobras ou, antes, novas e alegadamente despropositadas intervenções do governo na sua gestão. Como de costume e sem qualquer pudor ou disfarce, o mundo parece vir abaixo diante de ingerência em negócios particulares, mais ainda nos sagrados dividendos que são pagos na Bolsa de Nova Iorque. E tudo porque o presidente da República teria questionado a política de pagamentos de dividendos da empresa, reafirmando com muita propriedade que investimentos deveriam vir antes de dividendos.
Bom para qualquer empresa, mas não para a Petrobras. Um prato cheio para críticas que, nesse caso em particular, são tão velhas quanto a própria empresa. Aquela mesma que teria sido resultado de mero capricho político, uma vez que em terras brasileiras não existiria petróleo. Aquela mesma que hoje dispõe de reservas que se contam entre as maiores do planeta e cuja produção diária chega aos 3 milhões de barris de petróleo.
Como afinal deixar de lembrar, varrer para debaixo de tapetes o que era dito nos anos 50? Ou como não deixar de perceber que não é exatamente a Petrobras que está sendo defendida, justo o contrário, porque trata-se de demonizar a empresa por todos os meios e modos possíveis, para dessa forma abrir espaço aos interesses particulares que se abrigam bem distantes do País.
Defender a Petrobras, defender acesso e controle da prospecção, extração e refino deveria ser entendido como algo absolutamente elementar. E mandatório em se tratando do presidente da República. Impressionante que ainda hoje as coisas corram de forma diferente e, pior, que exista quem defenda o que absolutamente não tem defesa.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Sim, a Petrobras vem primeiro, mas como patrimônio nacional, não por seus acionistas, aliás, já muitíssimo bem remunerados e, sim, pelo que representa em termos estratégicos, condição absolutamente inegociável. Falamos de independência e de soberania. Vale dizer, exatamente como acontece nos países que em outras circunstâncias é costume entre nós tomar como referência.
O tal mercado que alguns pretendem que venha antes de tudo e de todos, além de capacitado a promover o bem comum, faz exatamente o oposto e não defende a Petrobras pelo que ela possa representar de bom e de positivo para o País. Defende, sim, e escandalosamente, a especulação, o que numa escala mais ampla promoveu estragos de proporção global na medida em que ajudou a consolidar o modelo que prioriza o ganho financeiro, especulativo e desconsidera o ganho que venha da produção.
E é o que está em questão no caso em tela, onde só não enxerga quem ganha e quem perde, os cegos de conveniência.
Ouça a rádio de Minas