Editorial

O passo à frente: planeta espera as possíveis mudanças de rumos ditadas pela nova administração dos EUA

Observadores mais atentos já registraram tênues sinais que podem significar alguma moderação
O passo à frente: planeta espera as possíveis mudanças de rumos ditadas pela nova administração dos EUA
Crédito: Jonathan Drake / Reuters

O planeta está em compasso de espera aguardando as possíveis mudanças de rumos ditadas pela nova administração dos Estados Unidos. A regra vale muito em especial para o mundo dos negócios, onde decisões estão sendo postergadas, todos na expectativa dos movimentos do novo presidente ou, especificamente, de melhor compreensão do que significará exatamente sua disposição de “fazer a América grande novamente”. Observadores mais atentos já registraram, nestes primeiros dias, tênues sinais que podem significar alguma moderação, pelo menos na comparação com o comportamento do candidato nos palanques.

Decisões que eram esperadas, ou tinham sido prometidas, para as primeiras horas, especialmente aquelas direcionadas para as relações de comércio, prosseguem em espera enquanto a China recebeu por enquanto apenas palavras amigáveis, ressaltando que o entendimento é preferível ao confronto.

Algum alívio por certo, mas nada que nos impeça de enxergar deportações de imigrantes clandestinos, brasileiros inclusive, postas em marcha, estas sim, com velocidade e exageros, como uso de algemas, que certamente caem muito bem para a plateia a ser cortejada neste momento. Tanto quanto a reação, desproporcional, à decisão da Colômbia de não receber expatriados transportados algemados e em aviões militares. O que mais conta é, ou deveria ser, o fato de que não existem alternativas para substituição da mão de obra, uma força de trabalho que tem peso relevante no conjunto, nutrida exatamente pelos imigrantes ilegais.

São primeiras observações capazes de remeter a um outro ponto, a perspectiva de países que estão ou poderão estar na alça de mira da nova administração dos Estados Unidos. Um espaço, cabe assinalar de pronto, onde existe lugar até mesmo para aliados antigos, como Alemanha e França, que, observados cuidados e melindres próprios dessas ocasiões, já fizeram saber de seu desconforto. Algo como um aviso que não poderá ser desconsiderado em Washington e que pode ser interpretado também como, digamos, alternativa aos ímpetos norte-americanos, bem encarnados, hoje, na figura de Donald Trump.

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Um movimento de força, que se apresenta como desprovido de limites no que toca à defesa de seus interesses, poderá muito bem sugerir algum tipo de realinhamento. E neste caso abrindo espaços para países europeus e tantos mais – o bloco dos emergentes? – que não se curvem à ideia de que necessariamente o planeta deve vassalagem aos próprios Estados Unidos ou, alternativamente, à China. Ao fim e ao cabo, poderá ser um passo à frente.

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