Plataformas digitais livres: posicionamento do governo Trump ultrapassa limites

Direto ao ponto com gelada objetividade e bem distante dos maneirismos tão de agrado da diplomacia. A gestão de Donald Trump nos Estados Unidos, passados quase seis meses desde a posse, pode ser definida dessa forma e em poucas palavras. O sonho de “fazer a América grande novamente” explicita o reconhecimento de que o País possa não estar no seu melhor momento, mas igualmente escancara assombrosa falta de limites, ameaça explícita a tudo e todos que possam se colocar no seu caminho. Exatamente como no caso das plataformas digitais estabelecidas em solo norte-americano, que no entendimento do atual inquilino da Casa Branca estariam acima do bem e do mal, o bastante para que quem as afronte seja condenado ao fogo do inferno, com o agravante de estar ameaçando também a liberdade de expressão.
Tudo muito claro e muito simples, e da mesma forma que a decisão de condenar e restringir plataforma que opera a partir da China, operadora da Tik Tok, que tem presença também no Brasil e para continuar presente nos Estados Unidos terá que ser controlada a partir de empresas locais. Claramente comportamento que traz à lembrança a velha recomendação de “fazer o que eu digo, mas não fazer o que eu faço”, espécie de mantra no auge da Guerra Fria, cuja temperatura na atualidade corre o risco de aumentar além do tolerável.
Para Trump, defender as plataformas digitais livres de qualquer controle externo, e com a rota desculpa de estar condenando a censura e ao mesmo tempo guardando a liberdade de expressão, é defender a posse, e com exclusividade, de armas do mais grosso calibre, aquelas mesmas que tanto o ajudaram a chegar ao poder. De quebra, servir a aliados e a interesses muito próximos, particulares até, no mundo dos negócios. Tudo às claras, sem disfarces exatamente como aqueles que não aceitam limites, entendendo como natural, absolutamente pertinente, ignorar até mesmo a soberania de países estrangeiros. Princípios basilares que nunca antes foram tão claramente ameaçados e desprezados.
Felizmente já existem sinais de que esta frágil construção não tem mesmo como parar de pé. De outra forma não devem ser vistas as derrotas que Donald Trump já coleciona no plano do Judiciário de seu país, contendo assim sua disposição de subverter a lei e a ordem. E para que seja devolvido aos Estados Unidos e ao planeta um mínimo de equilíbrio.
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