Políticas públicas em Minas devem valorizar uma matriz energética mais limpa e mais barata

Um dos principais suportes do processo de crescimento econômico e industrialização que o País conheceu na segunda metade do século passado foi a oferta de energia elétrica, gerada a partir de melhor aproveitamento do potencial hídrico. Minas Gerais, por conta de condições naturais bastante favoráveis e políticas de investimentos bem orientadas tomou a dianteira e conheceu na década de 70 as maiores taxas de crescimento econômico no País, situação que começou a mudar a partir da virada do século, período que coincidiu com mudanças relevantes também com relação à matriz energética.
O impulso gerado pela construção de grandes hidrelétricas e tendo a usina de Três Marias como ponto de partida perdeu força e, conforme anota a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) chegando na atualidade a um ponto de virtual estagnação, com a capacidade de geração orientada para matriz mais poluente e mais cara. Considerados dados coletados até maio passado, usinas termelétricas representam 30,2% dos investimentos em andamento, ficando as usinas eólicas com 15,9% e as fotovoltaicas com 41,1%, cabendo às hidrelétricas apenas 0,35% do total. Uma mudança de orientação bastante relevante, especialmente para Minas Gerais e com impactos futuros indesejáveis na formação de custos.
Claramente são políticas que carecem de revisão, tendo em conta as vantagens competitivas representadas pela hidroeletricidade. E não se trata apenas da construção de novas usinas, mas, sobretudo, do melhor aproveitamento das atuais que, inclusive daquelas que têm espaços disponíveis para a instalação de novas turbinas, o que absurdamente foi deixado de lado. Usando expressão popular, isto é, o mesmo que rasgar dinheiro, é ignorar os custos de investimentos realizados no passado e já amortizados. Também não se pode entender como e porque as possibilidades de potencialização de turbinas mais antigas, o que bastaria para aumentar em aproximadamente um terço a capacidade geradora instalada, ficam de lado, no rol das boas ideias esquecidas.
Muito menos faz sentido que as atenções – e os parcos recursos disponíveis – sejam agora orientados para usinas termelétricas, alimentadas principalmente com gás natural e óleo. São mais caras, menos eficientes e dentre as alternativas as de pior desempenho ambiental, argumentos que deveriam bastar para o entendimento de que o País tem condições para melhor orientar políticas públicas que valorizem matriz energética mais limpa e mais barata, vantagem competitiva que não pode ser encontrada em nenhum outro país.
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