Editorial

Pontos a ponderar

É preciso entender a natureza e o papel dos trabalhos desenvolvidos no âmbito dos Correios
Pontos a ponderar
Crédito: Agência Brasil

Conforme anunciado, o Conselho de Administração dos Correios autorizou a contratação, junto a um consórcio de bancos, de créditos que somarão R$ 20 bilhões e destinados à reestruturação da empresa, cujas dificuldades financeiras vêm crescendo ano a ano. Negociações estão ainda em andamento e maiores detalhes sobre a operação, avalizada diretamente pelo Tesouro Nacional, ainda não foram divulgados. Trata-se de assegurar recursos para que a empresa possa reverter prejuízos que somente no corrente exercício já somam R$ 6 bilhões, contra R$ 2,1 bilhões em 2024.

Seguir adiante, como desejável, demandará, além dos créditos em negociação, diagnóstico sobre o que vem acontecendo nos Correios e precisa natureza das perdas registradas, além de melhor compreensão quanto ao papel, em larga medida estratégico, da empresa, cuja importância para o Brasil e para os brasileiros precisa e deve ser mensurada para além de regras meramente contábeis.

Fora desse contexto, pode não fazer sentido a empreitada que está por ser iniciada, quem sabe para assim dar razão àqueles que ainda acreditam que uma possível privatização, tão discutida em tempos recentes, possa ser, senão a melhor saída, pelo menos a mais cômoda. Caberia também entender, e num raciocínio que deveria ser absolutamente elementar, a natureza e o papel dos trabalhos desenvolvidos no âmbito dos Correios, tarefas que certamente não animam as empresas multinacionais que atuam no setor postal e não disfarçam suas ambições com relação aos espaços por ocupar.

Gente que está de olho nas oportunidades, um tanto atraentes, representadas pela banda mais desenvolvida do País, para o mercado do Centro-Sul, mas sem qualquer interesse em atender, por exemplo, as comunidades perdidas e isoladas na imensidão do Norte brasileiro. Gente que depende exclusivamente dos Correios, cujos serviços que as alcança são essenciais e não cabem nos parâmetros restritivos do perde-ganha que deve mover empresas que não têm como escapar da lógica do mercado.

Espaços assim ocupados, e muito naturalmente, mundo afora, precisamente por empresas públicas.
Eis porque é absolutamente essencial compreender a natureza dos serviços abraçados pelos Correios para, talvez, entender que os parâmetros de avaliação de seus resultados não devem ser limitados ao plano do convencional, visão restritiva e que não contempla a importância de sua presença, mesmo que subsidiada, nos rincões mais remotos do País.

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