Popularização das bets cria cenário de apreensão e demanda medidas eficazes do governo

Quando o governo federal regulamentou os sites de apostas esportivas em setembro, a expectativa do Ministério da Fazenda era de arrecadar até R$ 3,4 bilhões com a tributação das bets. Entretanto, não estava nos planos do Planalto a transformação dos jogos eletrônicos em uma verdadeira “epidemia” social, econômica e até mesmo de saúde, que levou brasileiros de baixa renda a gastarem a maior parte de seus poucos recursos nas plataformas de apostas.
A onda de popularização das bets no Brasil criou uma preocupante dependência dos apostadores, que ficaram viciados na jogatina. Um fator de apreensão, manifestado pelo setor produtivo em Minas Gerais é que muitas pessoas estão deixando de consumir bens e serviços, inclusive alimentos básicos, para gastar dinheiro em apostas esportivas e jogos de azar.
A Associação Mineira de Supermercados (Amis) já alertara sobre os efeitos nocivos da “epidemia” de bets. Citando uma análise do Banco Central, que indica um alto volume de transferências realizadas por beneficiários do Bolsa Família para as casas de apostas, o presidente da entidade, Alexandre Poni, afirma que o maior receio do segmento é que as pessoas deixem de comer para apostar. A presidente da Abrasel-MG, Karla Rocha, adverte que os bares e restaurantes já sentem a mudança no comportamento dos clientes, e nas relações de trabalho, já que funcionários também sofrem os efeitos negativos do vício em bets.
Até o mercado imobiliário está preocupado com a canalização de dinheiro para as apostas. A presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Cássia Ximenes, adverte que as pessoas estão deixando de aplicar dinheiro na caderneta de poupança, principal fonte dos financiamentos de imóveis, devido provavelmente ao direcionamento de recursos para as bets.
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Diante da grave ameaça que representa a liberação, sem restrições, das apostas para a sociedade, com graves impactos econômicos tanto para população quanto para o setor produtivo, o governo começou a conter a frenética expansão das bets no País. A Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda enviou à Anatel na última quinta-feira (31) uma nova lista com 1.443 sites de apostas a serem bloqueados.
Essa é a segunda lista negativa enviada à agência reguladora. A primeira, com 2.027 sites, foi enviada em 11 de outubro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a cogitar a proibição das bets, caso o vício dos apostadores não seja controlado. O cenário é de apreensão, exigindo a adoção de medidas eficazes pelo governo federal.
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