Por que a reforma política deveria ser “a mãe de todas as reformas”

Em boa hora a Associação Comercial de Minas propõe que o debate sobre reforma política no País seja retomado com agilidade e consistência necessárias. Desse entendimento – e dessa emergência – nos dá conta o presidente da entidade, José Anchieta da Silva, ao afirmar que “o Congresso Nacional, como está, é composto por uma parte de incapazes e a outra metade de capazes de tudo”. Assim, de fato, deve ser percebido o Seminário Permanente da Reforma do Estado, iniciativa da ACMinas e que na semana que termina debateu a reforma política em sentido amplo. De fato, ou pelo menos para a parcela de brasileiros comprometida com a construção de um futuro melhor, este deveria ser o ponto de partida. Ou como já foi dito em outro momento, “a mãe de todas as reformas”.
Nos debates realizados na última terça-feira (2) o tamanho do problema, dos obstáculos a remover, ficou bem caracterizado na exposição do ex-deputado federal Aloisio Vasconcelos. Depois de lembrar que o País convive hoje com 20 partidos políticos atuantes e destacar que outros 54 pedidos de registro estão colocados em exame, Vasconcelos acrescentou que estas legendas se movimentam em torno de uma figura repugnante, o fundo partidário, com dotações que sobem a R$ 36 bilhões. Assim, todos os movimentos são direcionados para o acesso a esses recursos, assunto que se transforma em preocupação maior, em detrimento do interesse coletivo, da população. Não funciona, não tem como funcionar em mínima sintonia com o sentido e obrigações inerentes à representação popular, a essência do sistema democrático.
Para Aloisio Vasconcelos, cuja extensa vida pública reflete justamente os valores que parecem esquecidos ou postos de lado, nos falta presentemente “um pouco mais de consciência política, o que conseguiremos apenas através da mobilização social”. Ou justamente da conscientização capaz de fazer entender que a reforma política, que deveria ter sido o desdobramento natural da Constituinte de 1988, não pode e não deve continuar sendo postergada, abrindo assim espaços para distorções que verdadeiramente subjugam nosso País. Para que o Brasil possa avançar, possa alcançar padrões de gestão pública mais adequados, definitivamente não há como fugir ao elenco de mudanças que so poderão ser bem construídas, sólidas e eficazes se tiverem como ponto de partida ampla reforma política.
Este o entendimento que alimenta e justifica a iniciativa da Associação Comercial de Minas, que se mobiliza com a autoridade de sua mais que centenária existência, mais uma vez dando exemplo e apontando caminhos.
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