Editorial

Por que o Brasil continua andando em círculos na economia

As ações que verdadeiramente pavimentariam essa trilha continuam sendo postergadas no Brasil
Por que o Brasil continua andando em círculos na economia
Crédito: Reprodução Adobe Stock

O Brasil conheceu, a partir de meados do século passado e, notadamente, nas décadas de 70 e 80, um processo de crescimento econômico que não encontra paralelo em qualquer outro momento. O dito “milagre” econômico foi, na realidade, o resultado objetivo de políticas, planejamento e investimentos consistentes tal e qual a desaceleração posterior resultou de desvios nesta trilha. As condições favoráveis, as vantagens competitivas então sem paralelo no planeta, rapidamente se perderam, fazendo crescer o “Custo Brasil”, reduzindo competitividade e atratividade, tudo isso resultando em décadas em que a economia nacional permaneceu, e permanece, bem próxima da estagnação. E com o futuro adiado não se sabe exatamente para quando.

Fala-se muito em recuperação e em retomada do crescimento econômico sustentado, mas as ações que verdadeiramente pavimentariam essa trilha continuam sendo postergadas. Caso evidente e bem conhecido da infraestrutura de transportes em que investimentos aportados estiveram abaixo das necessidades ao longo das, pelo menos, três últimas décadas, não tendo bastado sequer para manutenção adequada. Planos, forçoso reconhecer, não faltaram, caso daqueles que previam ações e investimentos coordenados, dos quais resultaria uma estrutura integrada capaz de retirar o melhor dos modais ferroviário, rodoviário e da navegação, tanto interior quanto de cabotagem.

Promessas que mais uma vez não foram além das boas intenções, se não de mero oportunismo político. Outra não pode ser a conclusão diante da informação recente de que projetos de investimentos em ferrovias, pelo menos 27, estão paralisados por questões burocráticas resultantes do desalinhamento do arcabouço legal. Apenas em Minas Gerais esta situação implica no congelamento, não se sabe exatamente por quanto tempo, de investimentos que somariam R$ 1 bilhão. Tempo perdido, alimentando o “Custo Brasil” e adiando as chances mais reais de aceleração das rodas da economia.

Nos falta planejamento, nos falta visão do futuro, nos falta sobretudo compromisso com a gestão pública, situação bem conhecida e agravada pelo conformismo ou alheamento. Fica a certeza de que não se trata de buscar e apontar culpados ou desqualificar a política. Caberia sim, repensar o papel das lideranças empresariais e das entidades que as representam.

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Exatamente para que seja possível retomar o papel decisivo que tiveram a partir dos anos 50 do século passado e justamente por conta disso os brasileiros puderam imaginar que o futuro estava chegando.

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