Por que Lula deve falar menos e fazer mais

Recentemente e num rasgo de sinceridade, o presidente Lula disse que a má avaliação de sua gestão acontece simplesmente porque o que foi prometido não foi entregue.
O tamanho das promessas ou dos problemas a enfrentar não basta para explicar o que se passa, faltando talvez o reconhecimento ou entendimento de que a campanha eleitoral ficou para trás e que os palanques já foram desmontados.
E para tal conclusão, importa menos o que a oposição faça ou deixe de fazer e muitíssimo mais os deveres que pesam sobre os ombros da situação. Resumindo, mais que rever táticas de comunicação é preciso mudar de comportamento, levando-se a sério também a promessa de distensionar o País, trabalhando pela sua pacificação.
E tudo isso demanda bem mais que a sinceridade contida no, talvez, desabafo do presidente da República. Um bom exemplo daquilo que estamos procurando demonstrar pode ser encontrado no recente anúncio feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o prazo de 90 dias previsto para apresentação da regulamentação do projeto de Reforma Tributária pode não ser respeitado. Segundo o ministro, seria melhor atrasar que apresentar algo que não seja adequado, raciocínio um tanto raso. Por óbvio, desde que tudo seja observado com um mínimo de seriedade, não há mais porque discutir prazo ou qualidade.
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Mais próximo do bom entendimento, neste caso, está o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que já cobrou celeridade ou, antes, simplesmente que seja respeitado o prazo estabelecido. Para ele, demorar implica necessariamente no risco de que sejam perdidos todos os esforços do ano passado e “podemos ficar mais uma vez no vácuo de regulamentação”.
E uma contagem que já começou com relação ao prazo de apresentação do projeto que altera as regras de cobrança do Imposto de Renda, vencido na última terça-feira. O exemplo mais atual dentre outros que poderiam ser lembrados para ilustrar a realidade que macula a atual gestão. Definitivamente o País, tanto quanto o governo, não podem se permitir ao luxo de perder tempo, de ignorar o tamanho dos desafios a enfrentar e a urgência de fazê-los.
Menos, muito menos, para salvar avaliações que ganham contorno nas pesquisas de opinião e muito mais para que respostas sejam dadas com a consistência e eficácia que, estas sim, podem mudar a direção dos ventos. De outra parte fazer diferente, procrastinar é o mesmo que nutrir a oposição com reflexos que não os desejáveis na perspectiva da situação.
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